
Parece um contrassenso, a imagem que a Coreia do Sul transmite para o mundo, ainda para mais quando comparada com a vizinha do norte, é de modernidade, tecnologia e cultura pop efusiva. Mas a verdade é que, no que toca às questões LGBTI, é um país ainda bastante conservador, nalguns pontos abertamente homofóbico. Basta recordar como o então candidato presidencial, Moon Jae-in, liberal, afirmou ser “contra a homossexualidade“. Este estigma da homossexualidade na Coreia do Sul tem vindo a ser recorrente: foi também revelado que o Chefe Maior das Forças Armadas, General Jung Jun-kyu, havia declarado uma caça a todos os oficiais que tivessem comportamentos homossexuais.
É neste contexto que entra o jovem ícone Holland. Numa Coreia do Sul onde nem sequer as uniões civis entre pessoas do mesmo sexo são legalmente reconhecidas e o sexo entre homens é por vezes criminalizado, Holland optou por viver livremente como um dos primeiros ídolos do K-pop abertamente gay. Ao fazer isso, está a abrir portas para que outros também adotem a sua própria identidade.
Como uma das poucas figuras públicas abertamente gays na Coreia, Holland é mais do que um músico. Holland é esperança e, na KCON que se realizou nos Estados Unidos, a sua positividade radiante atraiu milhares de pessoas. Adolescentes, tremendo de emoção, aproximaram-se dele, e Holland abriu os braços para abraçá-los, enxugou as lágrimas e ofereceu orientação para lidar com pais e mães que não os apoiam. Num meet-and-greet, onde bandeiras arco-íris pontilhavam a multidão, ele timidamente cobriu o rosto quando 300 pessoas gritaram o seu nome.
Ainda não estou acostumado a considerar-me um modelo para a comunidade LGBTI e sou um pouco tímido quando me perguntam que conselho daria a adolescentes que lutam com sua identidade sexual. Não quero assumir que sei o que estão a passar, mas quero que os meus fãs se amem e se cuidem. Quero que saibam: não há nada errado convosco, nunca percam quem são e concentrem-se em encontrar o que vos faz feliz.
Holland reconhece que conhecer os fãs pessoalmente como ele fez na KCON ainda não é possível na Coreia do Sul, onde “a homossexualidade é um tópico muito sensível e a atmosfera é praticamente ‘não perguntes, não contes”, explica.

Apesar desta hostilidade, a comunidade LGBTI coreana está a crescer. Holland diz que as celebrações do Orgulho estão maiores a cada ano, e a comunidade LGBTI local de Seul é conhecida por se reunir nos bares gays no bairro de Itaewon. Na indústria musical existe um punhado de artistas coreanos LGBTI orgulhosos, como o cantor de R&B MRSHLL e a artista trans Harisu que precederam Holland como ídolos.
Holland diz que o seu sonho pessoal é poder dar as mãos publicamente ao seu namorado este Natal. Esse desejo simples ressalta a coragem em ser ele mesmo e advogar pela igualdade. Mas ao fazer isso, enfrentou riscos pessoais, familiares e financeiros. “Fi-lo porque queria mostrar ao mundo quem sou e provar que posso ser amado, que valho a pena ser amado por outras pessoas, independentemente da minha orientação sexual. Fi-lo porque não queria sentir-me derrotado pelas pessoas que dificultaram a minha vida e a da minha comunidade”, afirmou convicto. “Fi-lo porque valeu a pena!“
Fonte: Teen Vogue.