
As referências à homossexualidade masculina na literatura e paraliteratura coeva não deixam de ser o reflexo de uma realidade social. Sendo doravante as perseguições menos apertadas, os engates homossexuais passam a ser mais óbvios, os espaços de prostituição e de consumo sexual multiplicam-se, o «drag» e o «camp» ganham asas.
Da introdução.
Com organização, introdução e notas de Fernando Curopos, a Antologia “Versos Fanchonos, Prosa Fressureira“, da INDEX eBooks, tem por objetivo dar a conhecer uma representação literária da homossexualidade masculina e feminina entre 1860 e 1910. O discurso literário, incluindo a sátira, mas não só, também participou na “invenção do homossexual” em terras lusas, acompanhando o discurso médico coevo e a construção da legislação condenando os atos “contra natura”. Os textos antologiados não somente ilustram a cultura homossexual masculina na Lisboa da época, como também são uma resposta satírica e obscena à mesma, alguns com uma dimensão anticlerical, muito ao gosto dos republicanos.
Embora a poesia satírica do período pouco se tenha interessado pela homossexualidade feminina, sinal da sua invisibilidade social em Portugal e do rigor do regime patriarcal, a lésbica não deixa de constituir uma fonte inesgotável para as fantasias eróticas masculinas heterossexuais, fantasias visíveis no sem fim de contos, romances e novelas publicados na época e de que daremos, nesta antologia, uns meros exemplos.
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