O Papa Francisco defendeu num documentário estreado esta quarta o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, afirmando que as pessoas “homossexuais têm direito a fazer parte de uma família” e que “ninguém deve ser deixado de fora ou sentir-se miserável por causa disso“. Após anos de avanços e recuos, estas declarações do chefe da Igreja Católica representam uma nova aproximação aos direitos das pessoas LGBTI, nomeadamente as católicas, afastando-se assim das suas posições mais tradicionais e as do Vaticano.
Esta é a primeira vez que defende publicamente a união civil entre pessoas do mesmo sexo:
“O que precisamos é de uma lei de união civil. Dessa forma, estão legalmente assegurados. Defendi isso”, disse o Papa, durante o documentário “Francesco” que estreou esta quarta-feira no Festival de Cinema de Roma e irá estrear no próximo domingo nos Estados Unidos da América.
O reverendo James Martin, que há muito defende o acolhimento de homossexuais na igreja, considerou estas declarações “um grande passo em frente”. “Ele está a pôr o seu peso a favor do reconhecimento legal das uniões entre pessoas do mesmo sexo”, acrescentou.
Evgeny Afineevsky, criador do documentário, disse que tentou apresentar o Papa como o viu, e que o filme pode não agradar à comunidade católica.
Não estou a olhar para ele como Papa, mas como um ser humano humilde, um grande modelo para a geração mais jovem, líder para a geração mais velha, um líder para muitas pessoas não no sentido da Igreja Católica , mas no sentido de liderança pura, no terreno, nas ruas.
O cineasta disse que começou a trabalhar com o Vaticano para produzir um filme sobre o Papa Francisco em 2018 e teve acesso sem precedentes ao Papa Francisco até a conclusão das filmagens em junho, em plenos bloqueios sociais devido ao coronavírus na Itália.
Esta é uma posição que só não celebro desde já por este mesmo Papa já nos ter dado, frequentemente e durante anos, banhos de água fria após várias promessas de aceitação. Se este pode ser um derradeiro passo da Igreja Católica para a aceitação das pessoas e de crentes LGBTI? Talvez… mas, chamem-me céptico, preciso de provas concretas do que diz agora defender e fico verdadeiramente feliz por viver num país que há dez anos não está à espera de Francisco para autorizar casamentos igualitários.
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