Quase 40% da população LGBT no Japão foi assediada ou agredida sexualmente, de acordo com uma estudo que envolveu mais de 10.000 entrevistas.
A pesquisa com pessoas LGBT foi conduzida por Yasuharu Hidaka, professor de epidemiologia social da Universidade Takarazuka.
Hidaka disse que muitos mais casos provavelmente não foram relatados, dado que a polícia ou os centros de aconselhamento recusaram apoio a estas vítimas. Concluiu também haver falta de apoio e compreensão adequados no país para questões enfrentadas pela população LGBT.
Tomoya Asanuma, um enfermeiro de 31 anos, está entre as pessoas que tiveram uma má experiência com a polícia. Há cerca de dois anos, Asanuma, um homem trans, foi agredido sexualmente por outro homem que tinha acabado de conhecer. Depois de ser recusado por um centro de aconselhamento sobre violência sexual, elo entrou em contato com a polícia, mas viu recusada a sua denúncia.
Asanuma disse que a polícia não esperava que uma pessoa como ele — que passou por uma cirurgia de redesignação sexual e mudou o sexo legal — apresentasse uma queixa.
“Fui vítima de agressão sexual, mas fiquei ainda mais magoado porque a polícia não entendeu a minha própria circunstância como minoria sexual”, disse Asanuma.
Entre os 10 tipos de incidentes considerados assédio ou agressão sexual, 4.106 – ou 38,1% de um total de 10,769 inquéritos – responderam que foram vítimas de pelo menos um.
Entre eles, 22,4% das pessoas inquiridas disseram ter sido tocadas sem consentimento em zonas consideradas privadas do seu corpo. Esta foi, aliás, a resposta mais prevalente entre os 10 tipos. Um total de 17,3% relatou ter sido “assediada verbalmente ou por ações sexuais”, enquanto 11,5% disseram ter sido “beijadas à força”.
69 mulheres trans – 57% do seu total – disseram ter sido agredidas ou assediadas sexualmente, seguidas por lésbicas com 338 casos, ou 52,2%, e homens trans com 95, ou 51,9%, de acordo com a pesquisa.
Quanto às consequências na sua saúde mental, 52,8% das pessoas que sofreram agressões graves pediram ajuda a psiquiatras. Um total de 35,5% das pessoas entrevistadas, incluindo aquelas que não sofreram assédio sexual, consultaram psiquiatras.
Hidaka explicou também que algumas pessoas LGBT sofreram mentalmente devido às respostas (ou falta delas) da polícia ou da equipa de aconselhamento, que muitas vezes têm pouco conhecimento sobre questões enfrentadas pelas minorias sexuais.
Além da ajuda às mulheres [hetero e cis], “é necessário (o governo) melhorar o seu sistema de apoio a minorias sexuais e vítimas masculinas”, disse Hidaka.
Fonte: Japan Times.