Em 2020 foi assassinada uma pessoa trans no Brasil a cada 48 horas, indica o relatório anual da Associação Nacional de Travestis e Transexuais.
Foram registados 175 assassínios de pessoas trans em 2020 no Brasil, segundo um relatório anual da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), divulgado sexta-feira, 29 de Janeiro, Dia da Visibilidade Trans no país.
Em 2020, uma pessoa trans foi assassinada a cada 48 horas no Brasil, permanecendo assim na pior posição do ranking de assassinatos de pessoas trans no mundo, posição que ocupa desde 2008, conforme dados internacionais da organização não-governamental Transgender Europe.
O relatório menciona igualmente que em 2021 se completam-se 15 anos do assassínio de Gisberta, uma mulher trans brasileira morta e torturada por um grupo de adolescentes na cidade do Porto:
Há 15 anos, Portugal despertava para a realidade da intolerância e do ódio contra pessoas trans. O assassínio de uma travesti brasileira no Porto chocava a sociedade, com repercussão mundial. Agredida e violada sistematicamente por 14 adolescentes durante dias, seu corpo foi encontrado no fundo de um poço de 15 metros, onde foi jogada depois de dias de diversas formas de violências.
O estudo da Antra destaca que entre 2017 e 2020 foram cometidos 641 assassínios de pessoas trans no Brasil. “É importante ressaltar que a média dos anos considerados nesta pesquisa (2008 a 2020) é de 122,5 assassinatos por ano. Observando o ano de 2020, vemos que ele está 43,5% acima da média de assassinatos em números absolutos”, aponta o relatório, acrescentando que “mesmo durante a pandemia, os casos tiveram aumento significativo de acordo com o publicado nos boletins bimestrais ao longo de 2020.”
A Antra sublinha ainda que as maiores possibilidades de uma pessoa trans ser assassinada no Brasil estão na faixa etária entre 15 e 29 anos. “O mapa dos assassinatos 2020 aponta que, dentre os 109 casos em que foi possível identificar a idade das vítimas, 61 (56%) vítimas tinham entre 15 e 29 anos, e 31 (28,4%) era a idade daquelas entre 30 e 39 anos, oito (7,3%) entre 40 e 49 anos, e nove (8,3%) entre 50 e 59 anos.”
Além disso, 71% dos assassínios contra pessoas trans aconteceram em espaços públicos, tendo sido identificado que pelo menos oito vítimas se encontravam em situação de rua. “Também foi identificado que pelo menos 72% dos assassínios foram direccionados contra travestis e mulheres transexuais profissionais do sexo, que são as mais expostas à violência directa e vivenciam o estigma que os processos de marginalização impõem a essas profissionais”, conclui.
Fontes: Lusa e Imagem.
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