A importância de exemplos como o do Bayern Munique

O Bayern de Munique colocou, uma vez mais, a bandeira arco-íris no Allianz Arena sendo, desta vez, como homenagem aos homossexuais que morreram durante o Holocausto. Estas homenagens são sempre marcantes, ainda mais quando a comunidade LGBTI+ passou e ainda passa ao lado dos livros de História sobre o Holocausto.

O Bayern já não é a primeira vez que faz esta defesa da comunidade LGBTI+ e tem sido um dos clubes do mundo, juntamente com os clubes da primeira liga inglesa e mais um ou outro clube no mundo, dos mais ativos no apoio à comunidade LGBTI+ e de combate à homofobia. Já várias iniciativas foram organizadas, ainda que de forma esporádica em vários países. No entanto, Inglaterra tem sido um exemplo de promoção de campanhas contra a homofobia no desporto, e no futebol em particular. Temos visto as inúmeras associações que os clubes da primeira liga tem feito com a comunidade LGBTI+, tendo vários clubes colocado a bandeira arco-íris no fundo dos seus símbolos, colocado enormes bandeiras arco-íris nas suas bancadas (mesmo durante o período de confinamento) ou mesmo por campanhas. Estes exemplos foram inclusivamente já abordados aqui, pelo Pedro.

Estas iniciativas são extremamente relevantes por vários fatores, dos quais se destacam os seguintes:

  • porque ainda existe uma discriminação clara contra a comunidade LGBTI+ no geral, e em particular no futebol, onde vemos ainda um enorme preconceito;
  • porque se duas pessoas do mesmo sexo estão de mãos dadas na rua são olhadas de lado e alvo de impropérios;
  • porque existem pessoas LGBTI+ que são agredidas física e psicologicamente;
  • porque existem pessoas LGBTI+ que são colocadas fora de casa pelos pais, porque são LGBTI+;
  • porque existem pessoas LGBTI+ a quem continua a ser negado o acesso à dádiva de sangue;
  • porque vários jovens e adultos ainda sentem medo de se afirmar LGBTI+;
  • porque existem pessoas que defendem e praticam práticas de conversão;
  • porque continuam a existir as piadas constantes e o gozo contra as pessoas LGBTI+.
O exemplo do Bayern de Munique esteve em discussão no Podcast Dar Voz A esQrever 🎙🏳️‍🌈

Por todas estas razões e muitas mais ainda se tornam extremamente significativos estes gestos. Em Portugal estas campanhas tardam em chegar. Os clubes de futebol passam completamente ao lado da homofobia que constantemente se ouve nos estádios e não são capazes de condenar com força e veemência tais atos. No entanto, destaque para o Estoril Praia, o primeiro clube português a ter um apoio claro à comunidade LGBTI+ e de combate à homofobia.

Um mês mais tarde, o Benfica desenvolveu uma campanha de compra de bilhetes e promoveu as famílias LGBTI+, ainda que de forma tímida.

Só no início deste campeonato é que a Liga aprovou a punição para atos de homofobia. No entanto, muito ainda existe a fazer e os principais clubes portugueses, Sporting, Porto e Benfica podem desempenhar aqui um papel fundamental, dada a influência que podem ter em muitas pessoas. É urgente dinamizar campanhas contra a homofobia. Mas é urgente ver os clubes portugueses com bandeiras arco-íris nas bancadas dos estádios (neste período de pandemia) e de promoverem iniciativas que demonstrem o apoio à comunidade LGBTI, como criar cachecóis, camisolas e outros adereços com a bandeira arco-íris. 

A própria UEFA criou há dois anos e pouco o prémio Equalgame, o qual tem passado completamente ao lado. Era altura de o trazer para a ribalta e de o entregar na cerimónia de entrega de prémios. São ações deste género que demonstram o verdadeiro combate à homofobia no mundo do futebol.