
Depois de uma edição atípica no ano passado, o Queer Porto regressa hoje e continua até 16 de outubro, recuperando uma das premissas que fundaram o Festival: a de trabalhar com vários espaços da cidade. Assim, a par do Teatro Rivoli, o festival marca presença na Reitoria da Universidade do Porto, na Faculdade de Belas Artes, no Maus Hábitos e na mala voadora. Para além de retomar uma programação que inclui atividades como masterclasses, conversas e performances; a organização anunciou também a criação de uma nova secção competitiva em parceria com a Reitoria da Universidade do Porto, o Prémio Casa Comum, dedicado exclusivamente ao cinema queer português.
A sessão de abertura ficará a cargo de Bo McGuire e do seu mais recente documentário Socks on Fire, uma carta de amor cinematográfica de um neto para uma avó, que tem como pano de fundo a luta entre uma tia homofóbica e um tio drag queen, por uma propriedade. Na Noite de Encerramento cabe a vez a Au coeur du bois, de Claus Drexel, passado no Bois de Boulogne de Paris, e que foca nas trabalhadoras de sexo que compõem a complexa mitologia desse espaço.
Outro destaque do Queer Porto 7 é a presença da realizadora alemã, Monika Treut, nome incontornável do novo cinema queer na Europa desde a década de 80, que vem apresentar o seu recente Genderation, um documentário que, passados mais de 30 anos, olha para os protagonistas do seu clássico Gendernauts, de 1986, também incluído na programação da presente edição do festival e que será seguido de uma masterclass com a realizadora.
Tal como no recentemente finalizado Queer Lisboa, o Queer Focus irá ter uma componente de debates após a exibição dos filmes, trazendo para a Reitoria da Universidade do Porto The City Was Ours. Radical Feminism in the Seventies, seguido de conversa com Ana Luísa Amaral, poeta, professora jubilada, pioneira dos estudos feministas e dos estudos queer na FLUP; e Cured, com a presença de Jorge Gato, psicólogo clínico e docente da FPCEUP, e Mia de Seixas, representante da rede ex aequo Porto. Exibido numa sessão especial no Dia Internacional de Luta contra a Homofobia, Bifobia e Transfobia, chega agora ao Porto Famille tu me hais, de Gaël Morel, um retrato de um conjunto de jovens expulsos de casa devido à sua orientação sexual, e acolhidos pela associação Le Refuge. O documentário é seguido de uma conversa com Telmo Fernandes, sociólogo, representante da ILGA Portugal, e Paula Allen, psicóloga e diretora técnica do Centro Gis.
Na Competição Oficial destaque para Tiempos de Deseo, documentário da portuense Raquel Marques, que estará presente no festival, e quem, num exigente e subtil treino de intimidade, acompanha a gravidez da ex-companheira; La mif, uma incursão a uma casa de acolhimento de raparigas menores que expõe as feridas de um sistema de tutela no limite, e que conquistou o prémio de Melhor Filme na Generation da última Berlinale, e que trará ao Porto o seu realizador Fred Baillif e as protagonistas Amandine Golai, Amelie Tonzi e Isabel de Abreu Cannavo; e por fim Deus tem AIDS, de Gustavo Vinagre e Fábio Leal, composto por um mosaico de gestos, provocações e testemunhos de artistas soropositivos brasileiros. O júri desta competição será composto pela cineasta e programadora Amarante Abramovici, pelo encenador e programador da RTP Daniel Gorjão e pelx artista larose s. larose, que avaliarão os oito títulos a concurso.
Partilhando o mesmo júri, a Competição In My Shorts do Queer Porto recebeu mais submissões de filmes portugueses de escola que em qualquer dos anos anteriores, com forte presença da Escola Superior de Teatro e Cinema e da Universidade da Beira Interior. Da primeira chega-nos Buganvílias, de Diana Filipa, filme que liberta ansiedades através de metáforas fluorescentes, enquanto a segunda se encontra representada por Rúben Sevivas com Sobrevoo, meta-comentário e conquista de um outro filme que estava condenado a não ser feito, e por Sibelle Lobo com Mais que Sangue, exercício poético que nos transporta para o universo dos rituais. As diretoras de fotografia deste último filme e Rúben Sevivas estarão presentes na sessão.
A nova competição dedicada ao cinema português, Prémio Casa Comum, vem abrir espaço a um olhar mais atento à forma como o nosso cinema tem abordado a questão queer em anos recentes, sem esquecer uma necessária releitura da história. É esse o trabalho delicado que Tiago Resende faz em Películas, ao ler uma carta a Luís Miguel Nava, o poeta de Viseu. Também André Murraças resgata a história, ao recuperar um conto de António José da Silva Pinto, em O Berloque Vermelho. Já Paulo Patrício lembra-nos essa outra figura, a de Gisberta, justamente evocada em cinema, teatro e literatura, a que este O Teu Nome É acrescenta algo de muito novo. O programa completa-se com mais seis curtas-metragens, e irá contar com a presença de Sebastião Varela, Pedro Barateiro, e Diego Bragà, entre outras. O júri desta competição será composto pela Presidente da Federação Académica do Porto, Ana Gabriela Cabilhas, pelo psicólogo e investigador Jorge Gato, e pela investigadora Marinela Freitas.
O colectivo PROMETEU volta a estar presente nesta 7ª edição. Juntam-se assim esforços para habitar o espaço dos Maus Hábitos durante a semana do festival, através de uma programação que procura novas formas de voltar a humanizar o encontro, culminando numa festa de encerramento no último dia do festival.
Durante o festival, o público poderá aceder online ao programa Outros Sistemas, uma seleção composta por objetos artísticos interativos cuja existência é possibilitada pelo digital, e que procura refletir sobre a emergência de novas narrativas que confrontam a expressão queer com as particularidades dos formatos digitais.
Ainda no âmbito do festival, e com duas apresentações na mala voadora, Dinis Machado traz ao Porto o seu mais recente trabalho, Yellow Puzzle Horse. Com música original de Odete a performance é “uma dança numa floresta construída para um vestido feito em casa”.
Ver toda a programação no site do Queer Porto

Ep.178 – Pessoas trans e terapia hormonal, LGBTI de férias e… Visibilidade Bissexual! – Dar Voz a esQrever: Notícias, Cultura e Opinião LGBTI 🎙🏳️🌈
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