Universidade de Aveiro sob pressão de estudantes e associações LGBTI+ para combater homofobia

Universidade de Aveiro sob pressão de estudantes e associações para combater homofobia

A Universidade de Aveiro está sob pressão por parte de estudantes e várias associações e coletivos LGBTI+ que acusam a instituição de impunidade face à homofobia de Paulo Lopes, docente da universidade, que reforçou as suas posições discriminatórias e agravadas pelo incentivo à violência.

A causa das suas reações terá sido a campanha ABCLGBTQIA+promovida pela Fox Life um pouco por todo o país.

Importa recordar que as posições discriminatórias de Paulo Lopes, docente na Universidade de Aveiro, já são conhecidas da instituição desde pelo menos 2021. Nesse ano já admitira posições de teor racista a propósito da detenção de suspeitos pela morte do estudante caboverdiano Luís Geovani ou, evocando António Variações, se havia “orgulho em ser-se doente e pervertido?” A reitoria da universidade lançou na altura um inquérito, mas sem consequências concretas.

A Reitoria da Universidade de Aveiro emitiu um comunicado onde garante que “atuará em conformidade, com rapidez e firmeza” contra as condutas que “possam interferir” com um “ambiente de respeito e confiança”, dizendo que não irá tolerar “discursos de ódio, de discriminação ou de incitação à violência, qualquer que seja a sua natureza, origem ou contexto”. 

A ideia de impunidade, no entanto, persiste e foi convocada uma manifestação para o próximo dia 4 de julho pelas 13h frente à reitoria da Universidade de Aveiro.

Associação Académica da Universidade de Aveiro posicionou-se de imediato

Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv) manifestou o seu “total repúdio à conduta pessoal” do docente, considerando que a mesma afeta estudantes desta academia. “A AAUAv não pode tolerar qualquer tipo de discurso de ódio ou de discriminação e muito menos de incitação à violência”, refere. A AAUAv tem vindo a trabalhar conjuntamente com a Reitoria no sentido de tomar “todas as diligências possíveis e resolver de vez a situação que há muito se tem arrastado”.

Estudantes reagiram e espalharam bandeiras do Orgulho LGBTI+ pelo Departamento de Física da universidade, mas estas foram retiradas pela administração com o argumento de que não há autorização “para a afixação de qualquer informação nas paredes do edifício, e muito menos relativas a qualquer tipo de movimento”.

De notar que as bandeiras presentes nos quadros próprios e de livre utilização foram igualmente retiradas.

ILGA PORTUGAL pede ação da CIG e das autoridade competentes

A ILGA Portugal repudia veementemente as declarações proferidas e reiteradas pelo docente da Universidade de Aveiro. 

O seu teor homofóbico, transfóbico e racista não se coadunam com a instituição pública que, como docente, representa. 

Após as denúncias de estudantes e da Associação Académica da Universidade de Aveiro, é responsabilidade da instituição ativar os devidos meios para, além de defender os princípios da mesma, sancionar o discurso continuado de um seu docente. Cabe também à Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género e às autoridades competentes agir de acordo com a legislação e regulamentação em vigor, nomeadamente o Artigo 240.º do Código Penal – Discriminação e incitamento ao ódio e à violência.

O espaço escolar e académico não pode ser resgatado pela discriminação e pelo discurso de ódio tanto por parte de estudantes, como do seu corpo docente e não docente. A segurança e o sucesso do sistema de ensino em Portugal passa também por criar espaços seguros para todas as pessoas, independentemente da sua identidade.

A ILGA Portugal reforça a importância da denúncia junto das entidades competentes e do nosso Observatório da Discriminação. Se foste vítima ou assististe a algum episódio de discriminação ou ódio, denuncia!

Queer Tropical apela ao fim da impunidade

A Associação Queer Tropical tem acompanhado, nos últimos dias, as denúncias de estudantes da Universidade de Aveiro relativas a publicações de caráter LGBTfóbico e racista de um membro do corpo docente da instituição, que incentivam à violência e ao ódio à comunidade LGBTQIA+. 

As denúncias, infelizmente, são recorrentes, tendo o já referido docente sido alvo de um inquérito interno na Universidade por conta das publicações no ano passado. 

Condutas como essa não podem ficar impunes. Apelamos que todas as pessoas vítimas de discriminação motivada por homo, trans ou bifobia ou por motivações racistas e xenófobas façam denúncias às autoridades competentes.

Manifestamos toda a nossa solidariedade à comunidade acadêmica da Universidade de Aveiro que se levanta para lutar contra a opressão dentro e fora do espaço da universidade.

A Sci Do Armário lembra que universidades devem ser espaços seguros

O continuado discurso homofóbico, transfóbico e racista por um professor universitário em Aveiro reforçam a necessidade de continuarmos a lutar e alertar contra estas situações. As Universidades devem ser espaços seguros e inclusivos e devem estar alerta da disseminação de ódio. Enquanto aguardamos pela ação das entidades competentes devemos juntar-nos e mostrar a necessidade de posições mais firmes por parte das Universidades e Instituições.

A Sci do Armário apoia e incentiva que todas as pessoas se juntem à manifestação dia 4 de Julho, na Universidade de Aveiro.  em frente à reitoria. Que a nossa união e visibilidade incentive a denúncia junto das instituições e associações.

Convocada manifestação frente à reitoria da Universidade de Aveiro

Foi convocada uma manifestação para o próximo dia 4 de julho pelas 13h frente à reitoria da Universidade de Aveiro:

Atualização 4 de julho

A reitoria suspendeu o professor em causa. Será temporária por questões do inquérito instaurado.

Em declarações à Lusa, o reitor da Universidade de Aveiro, Paulo Jorge Ferreira, esclareceu que a suspensão temporária foi determinada na mesma manhã em que se deram as manifestações contra o docente, na sequência de um processo disciplinar instaurado na sexta-feira contra o professor de Física.

2 comentários

  1. Nunca esperar de uma Universidade pública, algo que possa ser progressista, quando a Sociedade não seja tanto! É mais fácil Instituições de Ensino privadas, serem mais, “abertas” e assimilarem harmonia entre casais de mesmo gênero e/ou entre generos! Numa ocasião que estive em Campus de Universidade Pública, um estudante de lá meio que sentiu necessidade de eu “senti-lo” por tras, em ônibus e, ficou como que para entender, como se diz, por eu não ter definido como algo “excitante”. Para ele que deveria ter por volta dos 20 anos, deve ter sido “decepcionante” afinal eu estava com 33 anos e deveria ter imaginado que ficaria lisongeado por ter despertado suposta atração dele! Como eu cursei faculdade, já trabalhando, assim como a maioria dos que cursam faculdade particular brasileira, em aulas com grupos formados para tratarem sobre temas inerentes ao Curso, acontecia de muitas vezes serem casais de namorados, os membros das equipes, onde eu e meu namorado, sempre participamos juntos. Nem o fato de irmos embora juntos, nunca foi alvo de comentários do tipo namorados ou quem seria o homem ou a mulher! Faculdade deve ser sempre a frente dos tempos, em todos os países!

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