Qatar: Reino Unido diz que fãs LGBTI+ devem “respeitar a nação anfitriã” do Mundial de Futebol Masculino

Qatar: Reino Unido diz que fãs LGBTI+ devem "respeitar a nação anfitriã" do Mundial de Futebol Masculino
Fãs holandeses exibem bandeiras do arco-íris durante o Euro 2020.

Fãs LGBTI+ que contem ir ao Mundial de Futebol Masculino no Qatar devem “respeitar a nação anfitriã“, sugeriu o Ministro dos Negócios Estrangeiros britânico James Cleverly.

As declarações surgem depois que o ativista veterano Peter Tatchell ter dito que foi preso depois de realizar o primeiro protesto LGBTI+ no país frente ao museu nacional em Doha. O protesto serviu para destacar os abusos do Qatar contra direitos humanos no período que antecede o evento desportivo.

O ativista de 70 anos disse que o seu objetivo era chamar a atenção para o tratamento da comunidade LGBTI+, mulheres e pessoas trabalhadoras migrantes no estado do Golfo, onde a homossexualidade é ilegal. Mais tarde, ele foi libertado pela polícia do Qatar e voou para Sydney, Austrália.

Manuel Gomes Samuel, chefe da missão da embaixada portuguesa em Doha, no Qatar, comentou em agosto que estrangeiros não deverão fazer propagação do modo de vida (da homossexualidade) pela rua, pois não é necessária e é “uma questão de bom senso”.

Cleverly explica que as autoridades de Qatar “querem garantir que fãs de futebol estejam em segurança e se divirtam, e sabem que isso significa que terão que fazer alguns compromissos em termos do que é um país islâmico com um conjunto muito diferente de normas culturais [britânicas]“.

“Uma das coisas que eu diria a fãs de futebol é que, por favor, respeitem a nação anfitriã.”

Cleverly disse ainda que, com um pouco de flexibilidade e compromisso de ambas as partes, “é possível ter um Mundial apaixonante” e que falou com as autoridades do Qatar sobre os fãs LGBTI+ de futebol e como serão tratadas essas pessoas. “Estes são países muçulmanos, têm um ponto de partida cultural muito diferente da nossa. Acho que é importante quando somos visitantes num país que respeitemos a cultura da nação anfitriã.”

As críticas ao ministro fizeram-se ouvir

A deputada democrata liberal Layla Moran disse: “O Mundial de Futebol [Masculino] deve ser uma celebração do belo jogo, em vez disso, está a ser usado por países como o Qatar para lavar seus atrozes registos de direitos humanos“. E reforçou: “Qualquer pessoa funcionária do Reino Unido que compareça deve usar a sua posição para destacar os abusos de direitos humanos e não endossar o regime.

O grupo ativista “Three Lions Pride” qualifica as declarações como uma “intervenção extremamente inútil” e lamenta que o político “insinue que uma medida de segurança aceitável seja ser-se menos ‘queer’“.

Apesar de a organização afirmar que irão receber “todas” as pessoas visitantes sem discriminação, um relatório publicado pela Human Rights Watch acusa o Qatar de ter detido e maltratado membros da comunidade LGBTI+ entre 2019 e 2022.

O escritório de comunicações do governo do Qatar disse que “nenhuma prisão foi feita” e que “os rumores nas redes sociais de que um representante da Fundação Peter Tatchell foi preso no Qatar são completamente falsos e sem mérito“.

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