Sabrina Impacciatore, estrela de White Lotus: “Como atriz, sempre comuniquei que temos o mesmo direito de amar”

Sabrina Impacciatore volta a deslumbrar o mundo no seu papel de Valentina na popular série White Lotus. Antes já tinha sido Santa Serápia em A Paixão de Cristo (2004), mas desde a a década de 1990 que é um ícone e uma aliada da comunidade LGBTI+ em Itália.

Atriz de abordagem tanto dramática como cómica, Sabrina Impacciatore volta a receber a atenção do mundo ao roubar a atenção num pequeno, mas enigmático papel na segunda temporada de White Lotus (criada pelo bissexual Mike White). Valentina é gerente do hotel onde ocorre toda a ação da temporada na Sicília, em Itália. A sua máscara de inabalável e intransigente gerente rapidamente cai para descobrirmos uma personagem que luta contra o sentimento de solidão e o desejo secreto por uma das funcionárias do hotel.

Impacciatore explicou recentemente que White lhe deu poucas indicações sobre a abordagem que queria para Sabrina e que esse acabou por ser um processo de aprendizagem durante as filmagens. Um processo que culminou quando a atriz italiana improvisou ao lado de Jennifer Coolidge (que interpreta Tanya, abastada turista e uma das poucas personagens que saltaram da primeira temporada). Numa cena inicial Valentina chama Tanya de “Peppa Pig“, o que despertou gargalhadas em toda a equipa e, em particular, em Coolidge. A partir daí a atriz ficou mais certa do seu papel e não vacilou mais, especialmente quando desempenha uma personagem queer.

Sabrina Impacciatore é um ícone LGBTQIA+ em Itália

Desde a década de 1990 que Sabrina Impacciatore se tem revelado uma aliada da comunidade LGBTQIA+ italiana. Promovendo os direitos da comunidade no país e lutando contra a influência do Vaticano, Impacciatore tem sido uma cara presente em eventos, festivais de cinema, marchas e prides queer em Itália.

Em Itália a sexualidade ainda é um grande problema. A comunidade queer não tem os mesmos direitos que as pessoas heterossexuais. Isso fez-me lutar a vida inteira“, disse recentemente em entrevista. “Como atriz, sempre tentei comunicar que temos o mesmo direito de amar.

Sabrina Impacciatore quebrou barreiras no seu país desde logo com um monólogo onde debateu a homofobia vigente em Itália. Uma ideia que persiste até aos dias de hoje, o que explica por que a sua personagem Valentina “não se conhece“, uma vez que “ela tem medo de aceitar” a ideia de se envolver com outra mulher.

O carinho prolongado do público LGBTQIA+ em Itália é algo que lhe é “muito especial“. Quando Impacciatore tinha 18 anos, fez um grande programa de variedades que se tornou um fenómeno televisivo. Um programa que ainda hoje é transmitido. “No programa, eu era comediante e costumava inventar personagens; escrevi e cantei músicas que a comunidade queer amava.”

Costumava vestir-me com muita maquilhagem e perucas“, explica. “Nunca fui a rapariga querida que tenta agradar a toda a gente. Não quero isso, só quero ser eu mesma, quero ser livre e quero lutar pelos direitos de todas as pessoas.”