
Jennifer Coolidge revelou-se numa das personagens mais fortes da primeira temporada da aclamada série The White Lotus. E o seu carisma é tão forte que é das poucas personagens – das vivas – que regressou para a segunda temporada rodada na Sicília, em Itália.
The White Lotus é uma série da HBO MAX criada pelo bissexual Mike White que tem feito furor e o regresso de Jennifer Coolidge, agora como a recém casada Tanya McQuoid-Hunt, não é alheio ao sucesso da série.
(Aviso: Sem revelar o desfecho final, há alguns spoilers adiante.)
A estrela vencedora do Emmy falou sobre o final da segunda temporada e sobre como deseja ver mais histórias destas nos ecrãs. Na segunda temporada, a milionária Tanya está de férias na Sicília quando conhece um grupo de “gays sofisticados”. Depois de beberem e jantarem com ela, Tanya descobre que esses homens conheciam o seu marido Greg, entretanto desaparecido por razões laborais, e começa a ver atividades suspeitas ao seu redor.
Após a ajuda da sua assistente Portia (interpretada por Haley Lu Richardson), Tanya descobre que os homens gay fazem parte de uma conspiração de Greg para matá-la e ficar com o seu dinheiro.
Coolidge disse que adorou a reviravolta de que os amigos gays de Tanya eram os vilões da temporada: “Isso é tão Mike White. Eu não teria inventado esse cenário sozinha, não me ocorreria”, disse. “Homens gays podem ser maliciosos, mas a maioria das vezes são bons em muitos filmes que eu vi. Mas Mike White transformou esses homens em pessoas perversas, muito corruptos e sem alma.”
“Ele disse-me: ‘Vais acabar por ser enganada por esse grupo de – bem, digamos que eles são gays malvados’. Eu fiquei tão fascinada, estava tão encantada. Tanya não os aprecia verdadeiramente, mas ela finalmente está a ser apreciada e está finalmente a divertir-se nesta viagem horrível.”
“Esses gays, eles estão a tentar matar-me.” Será?
Apesar das suas declarações de Jennifer Coolidge, importa perceber o contexto histórico sobre personagens queer no cinema e televisão ao longo dos anos. Apesar dos avanços feitos nos últimos anos, há uma forte tendência na ficção para atribuir traços efeminados a vilões: maneirismos extravagantes, vozes delicadas, corpos delgados, gestos afectados, olhares femininos, discursos eloquentes, risinhos, amor por poesia e ópera, sentido de moda impecável (nem sempre por roupas masculinas) ou uma predileção por gatos persa.
Os códigos e leituras serão hoje, obviamente, distintos dos de há uns poucos anos. Ainda recentemente surgiu na série Pôr do Sol um dos mais desejados vilões bissexuais da televisão portuguesa: Simão Bourbon de Linhaça. Venham, pois, mais vilões e vilãs aos ecrãs do mundo, mas que tragam algum tipo de desconstrução aos estereótipos e estigmas em relação às próprias pessoas queer.
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