
Melanie C, das Spice Girls, cancelou o seu próximo concerto na véspera de Ano Novo na Polónia. Em causa estaria a transmissão prevista do concerto pela emissora pública do país, o canal TVP, que ativistas têm vindo a acusar de propagar discurso e conteúdo de ódio LGBTQ nos últimos anos.
“À luz de algumas questões que foram trazidas ao meu conhecimento e que não se alinham com as comunidades que apoio, temo que não poderei apresentar-me na Polónia como planeado na véspera de Ano Novo”, escreveu Melanie C. “Espero voltar lá muito em breve. Espero que todas as pessoas tenham um Natal maravilhoso e muitas felicidades em 2023.”
Apesar de não aprofundar sobre as razões que a levaram a cancelar o concerto, não é difícil de entender como a transmissão do seu concerto pelo canal estatal polaco poderá ser uma das razões. Este é um canal que tem sido acusado de propagar discurso e conteúdo de ódio contra as populações LGBTQ, migrantes e refugiadas nos últimos anos.
Em 2019, quando o partido PiS apoiava a sua campanha em discurso anti-LGBTQ, a TVP exibiu Inwazja (Invasão, em Português), um “documentário” altamente manipulador que revela os sinistros “objetivos, métodos e dinheiro” da comunidade LGBTQ. O filme foi transmitido pouco antes das eleições parlamentares (e posteriormente ordenado a ser retirado do YouTube por um tribunal).
Melanie C tem sido abraçada pela comunidade LGBTQ ao longo dos anos
Melanie C reiterou recentemente como foi abraçada, apoia a comunidade LGBTQ e inclusive abordou os eternos rumores de ser lésbica:
“As Spice Girls eram sobre abraçar a nossa própria individualidade”, disse a cantora e compositora. “Toda a gente foi convidada para o nosso grupo. Não era apenas “Girl Power,” também era “Gay Power”!“
“Na altura, era muito evidente que tínhamos muitos jovens fãs gays, incluindo alguns que não tinham saído do armário ou entendido completamente quem eram“. Afinal de contas, ‘Girl Power’ foi mesmo o mote para a inclusão na década de 1990.
Além da emissora, a Polónia também tem enfrentado críticas de ativistas pelos direitos humanos e da própria União Europeia. Em causa está a criação de zonas “livres de LGBT” – que se concretizaram depois do PiS ter inspirado várias cidades a livrarem-se da “ideologia LGBT”.