Jordan Henderson, futebolista aliado da comunidade LGBTI+, reage às críticas após contratação na Arábia Saudita: “Lamento que se sintam assim”

Jordan Henderson, futebolista aliado da comunidade LGBTI+, reage às críticas após contratação na Arábia Saudita: "Lamento que se sintam assim"

Jordan Henderson deu a sua primeira entrevista desde que deixou o Liverpool pela Arábia Saudita — uma troca que atraiu críticas de fãs e da comunidade LGBTI+.

O futebolista irá retornar a Inglaterra esta semana para representar o seu país, mas o grupo de fãs LGBTQ+ da seleção já disse que irá virar as costas durante o jogo em protesto por entenderem que ele virou as suas aos direitos humanos.

Henderson assinou com a equipa da Saudi Arabia Pro League, Al-Ettifaq, no mês passado, num acordo que se pensa valer $15 milhões. O seu novo salário deverá render-lhe $45,7 milhões por ano. O jogador tem sido um forte defensor da inclusão LGBTQ+ no futebol durante a sua carreira, apoiando a campanha Rainbow Laces e sendo indicado para Football Ally no LGBT+ Awards em 2021.

A Arábia Saudita, no entanto, é uma nação hostil LGBTQ+, com a homossexualidade e as identidades trans ilegais, e a pena de morte é uma possibilidade para quem se envolve sexualmente com pessoas do mesmo sexo. Além disso, as pessoas gays enfrentam opressão e abuso sancionados pelo estado e não têm proteções legais contra a discriminação.

Jordan Henderson sente-se magoado

Durante a entrevista, Henderson negou que a mudança fosse apenas sobre dinheiro, pois este “nunca foi uma motivação” na sua carreira. Insistiu que continua a preocupar-se com as causas que defendeu enquanto jogava na Premier League. Sobre as críticas que recebeu e as acusações de que virou costas à comunidade: “realmente me magoaram”.

Eu consigo entender a frustração. Consigo entender a raiva. Eu entendo. Tudo o que posso dizer é que lamento que se sintam assim. A minha intenção nunca foi magoar ninguém. Sempre foi ajudar causas e comunidades que me pediram ajuda“.

Quando perguntado se usaria braçadeiras arco-íris na Arábia Saudita, o jogador respondeu que “não descartará isso, mas não desrespeitará a religião e a cultura na Arábia Saudita”. Se todas as pessoas dizem que todas podem ser quem querem ser e que todas são inclusivas, então temos que respeitar isso, explicou. Teremos que respeitá-las todas e se usar as braçadeiras arco-íris e isso desrespeitar a religião, então não, não vou fazê-lo. “Mas se a oportunidade vier onde eu posso usá-la e não desrespeitar, então sim, porque esses são os meus valores.”

Durante a entrevista, foi mostrado um vídeo promocional de Henderson – partilhado pelo seu novo clube Al-Ettifaq – em que ele aparece com a braçadeira do Orgulho LGBTI+ tapada após edição do vídeo.

O 3 Lions Pride, um grupo de fãs de futebol LGBTQ+, reagiu à entrevista: “Se a crítica ‘realmente o magoa’, então imagine a dor da sua própria existência ser criminalizada, penalizada e a causa do abuso sancionado pelo Estado. A sua dor por críticas válidas não substitui a realidade da suas decisões.” O grupo acrescentou: “A nossa porta, como sempre, permanece aberta para conversas construtivas.

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