O Retorno de Trump: O que está em risco para os Direitos LGBTQ+ e outras liberdades fundamentais nos EUA e no Mundo?

O Retorno de Trump: O que está em risco para os Direitos LGBTQ+ e outras liberdades fundamentais nos EUA e no Mundo?

A vitória esmagadora de Donald Trump nas eleições presidenciais de 2024, representa uma ameaça aos direitos LGBTQ+ e a outras liberdades fundamentais nos EUA e no Mundo. Durante seu primeiro mandato, Trump já deu indícios do que podemos esperar – uma retórica dura e políticas regressivas que impactam diretamente direitos adquiridos por várias comunidades, incluindo LGBTQ+, mulheres, imigrantes e defensores da liberdade de imprensa. O que está hoje novamente em jogo?

Direitos LGBTQ+ sob ataque de Trump

No seu primeiro mandato, Trump avançou com políticas como a proibição de pessoas trans nas forças armadas e, agora, planeia um ataque ainda mais agressivo aos direitos LGBTQ+. Entre as suas promessas estão: cortar programas federais que promovam a transição de género, reduzir o financiamento a hospitais que oferecem cuidados de afirmação de género e implementar leis federais que desconsiderem o reconhecimento legal de pessoas trans. Estas são decisões que, importa referir, não têm o apoio da maioria da população. Além disso, o seu plano “Project 2025” sugere substituir políticas de inclusão por medidas que promovem exclusivamente o casamento heterossexual.

Tal cenário representa uma séria ameaça ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e aos direitos fundamentais de pessoas LGBTQ+, especialmente se Trump tiver a oportunidade de nomear novos juízes conservadores para o Supremo Tribunal. A possível reversão da igualdade no casamento e a eliminação de políticas de proteção não-discriminatórias são perigos concretos.

A reversão de Roe v. Wade em 2022 foi o ponto de partida para proibições quase totais ao aborto em vários estados. Agora, com Trump na Casa Branca e o apoio do “Project 2025”, existe a possibilidade de um ataque ainda mais abrangente ao acesso ao aborto. Ao reviver a Lei de Comstock de 1873, o governo pode limitar o envio de pílulas abortivas e equipamentos médicos necessários para realizar abortos seguros, transformando uma proibição local num problema de âmbito federal. Além disso, Trump poderia enfraquecer a Lei de Tratamento Médico de Emergência e Trabalho de Parto, deixando as mulheres em situação de emergência vulneráveis a restrições ainda maiores.

Num país de imigrantes, Trump promete deportações em massa

Trump promete realizar a “maior operação de deportação da história americana”, e esta retórica já encontrou eco em apoiantes e na agenda republicana. Ele poderá, inclusive, utilizar tropas americanas e recorrer a poderes militares para acelerar as deportações, principalmente de imigrantes sem documentos. Grupos de direitos humanos e de advocacia de imigrantes prometem resistência, mas a quantidade de pessoas afetadas e a ameaça de discriminação étnica e religiosa representam uma possível crise humanitária e social.

Trump já atacou sistematicamente a imprensa, chamando-a de “inimiga do povo” e ameaçando mudar leis de difamação para enfraquecer críticas. Recentemente, exigiu a suspensão da licença de transmissão da CBS após o canal ter editado uma entrevista com Kamala Harris. Estes ataques configuram uma postura de crescente autoritarismo, e a reeleição pode intensificar a pressão sobre veículos de comunicação independentes, limitando o espaço para críticas e a liberdade de informação.

Importa também recordar que o Departamento de Justiça dos EUA revelou que a Tenet Media, empresa de conteúdos digitais com mensagens anti-LGBTQ+, recebeu financiamento estatal da Rússia. A plataforma tem promovido personalidades da direita mais radical com discursos anti-LGBTQ+.

Direito de protesto em perigo

Desde os protestos por justiça racial em 2020, vários estados republicanos têm aprovado leis que restringem o direito de protesto. Trump não apenas apoia tais medidas, como promete usar a Guarda Nacional para reprimir manifestações. Isto inclui uma possível resposta militarizada aos protestos, particularmente onde “a lei e a ordem” forem questionadas. Num segundo mandato, a pressão para endurecer leis de protesto, incluindo criminalização de acampamentos em espaços públicos, poderá levar a uma resposta mais violenta e à supressão das liberdades civis.

 Donald Trump levará consigo também J.D. Vance à vice-presidência. Com um percurso que começou como crítico de Trump, rapidamente passou a seu aliado e uma ameaça aos Direitos Humanos.

A vitória de Trump representa uma viragem perigosa, não só para a comunidade LGBTQ+ mas para toda a sociedade que valoriza direitos fundamentais e a liberdade de expressão. Desde o possível retrocesso nos direitos LGBTQ+ e reprodutivos até à militarização da resposta a protestos, Trump parece focado em criar um ambiente de maior controlo e menos tolerância à diversidade e à dissidência. Pior, esta ameaça facilmente terá o poder de se espalhar pelo resto do mundo. É assim essencial que organizações, comunidades e cidadãs estejam vigilantes e resistam ao que pode ser uma erosão dos direitos no país que se diz a maior democracia do mundo.



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Respostas de 7 a “O Retorno de Trump: O que está em risco para os Direitos LGBTQ+ e outras liberdades fundamentais nos EUA e no Mundo?”

  1. […] Wilson, a filha trans de Elon Musk, voltou a estar no centro das atenções após a sua reação à vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos EUA. No dia seguinte ao anúncio da vitória de Trump – apoiado por Musk – Vivian partilhou […]

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  2. […] planos de Trump para o próximo mandato, ainda que incertos, já acenderam alertas. Ele prometeu restringir o apoio federal a escolas que promovam educação inclusiva sobre género e limitar o fin…. Há ainda a promessa de limitar a participação de atletas trans em desportos femininos e até de […]

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  3. […] O Retorno de Trump: O que está em risco para os D… […]

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  4. […] Com a compra do X por Elon Musk, assistimos a uma série de mudanças que pioraram a moderação de conteúdos e reduziram as ferramentas de proteção contra assédio. Vários estudos e observações empíricas apontam para um aumento de conteúdo prejudicial e ameaçador, com menos controlo sobre discursos de ódio. Tal ambiente contradiz diretamente os valores que defendemos, assim como os de outras organizações de defesa dos direitos humanos que, tal como nós, procuram promover justiça, igualdade e empatia. Como se não bastasse, Donald Trump elegeu Elon Musk para reduzir e redesenhar o Governo federal dos EUA no seu perigoso segundo mandato. […]

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  5. […] Tal como prometido em campanha, no dia em que Donald Trump assumiu a presidência dos Estados Unidos, várias ordens executivas foram assinadas, marcando um retrocesso nos direitos da população LGBTQ+ e na promoção da diversidade e inclusão. Entre as medidas anunciadas, destaca-se a determinação de que o governo reconheça apenas dois sexos – masculino e feminino – como “imutáveis“. […]

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  6. que lixo de artigo

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  7. melhore o português:)

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