Demi Moore em “The Substance”: “A exposição das minhas próprias inseguranças valeria a pena se contribuísse para a discussão”

Demi Moore em “The Substance”: "A exposição das minhas próprias inseguranças valeria a pena se contribuísse para a discussão"

Demi Moore voltou à ribalta ao protagonizar o novo filme The Substance, um thriller de terror corporal da realizadora francesa Coralie Fargeat. Numa entrevista para a ELLE, Moore reflete sobre os temas do filme que tocam profundamente na forma como a sociedade encara o envelhecimento feminino, o valor do corpo e as pressões da juventude como condição de relevância.

Moore interpreta Elisabeth Sparkle, uma atriz e apresentadora de fitness que, ao ser dispensada no seu 50.º aniversário, toma uma substância que a rejuvenesce fisicamente. Esta substância transforma-a numa versão mais nova de si mesma, interpretada por Margaret Qualley. Contudo, essa transformação traz consequências monstruosas.

Numa das cenas que mais desconforto lhe causou, há um close-up numa posição vulnerável. Em vez de pedir para ajustar ou eliminar a cena, Moore viu nisso uma oportunidade para uma mensagem mais importante que o seu desconforto. “Sabia que qualquer exposição das minhas próprias inseguranças valeria a pena se contribuísse para a discussão”, afirma. Esta vulnerabilidade, tanto emocional como física, fez parte da escolha de Moore ao aceitar um papel que desafiava normas e confrontava padrões inatingíveis de beleza.

Demi Moore em “The Substance”: "A exposição das minhas próprias inseguranças valeria a pena se contribuísse para a discussão"

Demi Moore reflete sobre o seu corpo “problemático” e as pressões de Hollywood

Desde que se tornou uma estrela com filmes como Ghost e Striptease, Demi Moore viu a sua imagem publicamente analisada e, muitas vezes, criticada. A pressão de estar num físico “aceitável” levou-a a desenvolver um transtorno alimentar e a um período de exercício físico intenso, algo que, segundo admite, foi “verdadeiro tormento”. Ao longo da sua carreira, ela reformulou o corpo para diferentes papéis, mas o preço foi alto: internalizou os padrões exigidos pela indústria e colocou quase todo o valor em como o seu corpo devia parecer.

Aos 62 anos, Moore ainda enfrenta o desafio das normas etárias que, até recentemente, marginalizavam mulheres ao ponto de as tornarem “quase assexuadas” após uma certa idade. Quando surgiu em Charlie’s Angels: Full Throttle, aos 40, Moore causou um furor ao aparecer de biquíni. “Isso apenas reforçou o que já se sabia: o corpo das mulheres é valorizado e descartado conforme as necessidades do momento”. Para Moore, a diferença é que hoje existe uma consciência crescente de que a beleza e a relevância não desaparecem com a idade.

Demi Moore enfatiza a importância de aprender a apreciar o próprio corpo pelo que ele proporciona, em vez de ser valorizado apenas pela aparência. Num momento especial com a sua filha, Scout, Moore aprendeu que a comparação constante com outrem apenas rouba a capacidade de celebrar quem realmente somos. Para Moore, o seu corpo é agora algo que valoriza por tudo o que já viveu, as “linhas ao canto dos olhos” e a beleza da experiência acumulada. Ela acredita que, enquanto focamos no que não somos, perdemos a beleza de tudo o que já alcançámos e inerentemente somos.

The Substante, de Coralie Fargeat e com Demi Moore e Margaret Qualley, esteve em destaque no episódio 210 do Podcast.

O papel das mulheres na realização cinematográfica

Moore também partilha a sua esperança num futuro em que o género da realização deixe de ser relevante. Esse ideal, segundo ela, marcaria uma verdadeira igualdade, onde as mulheres não seriam mais marginalizadas. Enquanto The Substance reflete as contradições de uma sociedade obcecada pela juventude e beleza, o filme também simboliza um desejo de uma maior autenticidade e aceitação na forma como as mulheres se representam e são representadas.

The Substance vai além de um simples filme de terror. O filme é um veículo de reflexão sobre o idadismo e as pressões estéticas que ainda pesam sobre as mulheres. Demi Moore, com a sua história marcada pelo combate a estas questões, encarna a mensagem de que a aceitação é libertadora, e que a sociedade tem ainda um longo caminho a percorrer para valorizar mulheres de todas as idades.

Porque, afinal de contas, a versão jovem de uma mulher não tem der ser “a única parte de mim que as pessoas gostam”, como desabafa Elisabeth no filme. “Estou feliz por aqui estar“, diz ela para a plateia na cena final. Estará a plateia preparada?



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