Hoje apresentamos a entrevista que Miguel Agramonte nos deu. A poucos dias do lançamento do seu livro de estreia, “Quando Tu Nos Mentes“, falámos abertamente sobre romance, amor e, sim, traição. Confiram:
“Quando Tu Nos Mentes”, a ser lançado a 2 de Abril, será o seu primeiro livro? Como chegou a este ponto – imagino – especial na sua vida?
Sempre gostei bastante de escrever e é um exercício que faço desde novo (porque sempre me deu um prazer imenso e, hoje em dia, até o encaro como uma forma de combater o stress). Por esse facto, escrevia sem ter qualquer ambição de publicar. Os meus amigos é que achavam que isso devia acontecer e um deles não “descansou” enquanto não me pôs em contacto com a Capital Books. Portanto, cheguei “empurrado” por amigos, confessando que, desde o momento em que a editora me comunicou que iria editar o livro, tudo mudou. É tal como diz: um ponto especial na minha vida.
Tudo mudou em que sentido? Nervoso? Excitado? Sente de alguma forma uma nova responsabilidade com a edição do seu primeiro livro?
Acima de tudo uma nova responsabilidade. Afinal, já não são “apenas” os amigos ou familiares que leem o que escrevo. Passará a existir um público que irá ler este livro sem qualquer laço de afinidade comigo. Por outro lado, também imagino que o que escrevo, devido a essa exposição, terá impactos e consequências totalmente diferentes daquelas que conheço até hoje. Daí resulta o nervosismo ou a ansiedade que, creio, são naturais. Muda, também, a forma de interação com o público (por exemplo, para já através da minha página no Facebook). Portanto, tudo tem vindo, claramente, a mudar.
Que nos conta então o livro “Quando Tu Nos Mentes”?
Quando comecei a desenvolver o enredo do ‘Quando tu nos mentes’, ficou logo claro que seria um livro, logo à partida, diferente. Diferente na forma de escrever e diferente na história a abordar. Geralmente digo que é um livro “mental”, ou seja, é uma história que vai sendo transmitida ao leitor através do ponto de vista de cada uma das personagens, a partir de dentro da cabeça delas. Portanto, formatada pela visão de cada um dos intervenientes. Por outro lado, pretendi contar uma história passada num mundo que nos toca, direta ou indiretamente, se não a todos, pelo menos a muitos, mas que muitas vezes temos dificuldade em o aceitar ou assumir (seja por que motivo for – e haverá vários, com certeza).
E é aí que se misturam temas como a traição, o prazer da “caça” ou o sexo pelo sexo (com ou sem amor) – haverá sexo sem amor? E amor sem sexo? É por esses e outros temas que as personagens vão avançando ao longo da história, sempre coerentes com os seus perfis psicológicos, dos quais não se pode dissociar o seu passado, por exemplo. Escrevi-o propositadamente de uma forma crua, fria, por vezes violenta, mas onde também é possível encontrar momentos de ternura e carinho. Contudo, sempre sem ter medo das palavras.
É um tema que pretende alimentar a ideia de que os homens homossexuais são promíscuos ou, antes pelo contrário, desmistificá-la?
É um livro que conta uma história, sem pretender tecer quaisquer juízos de valor. Portanto, não alimenta nem desmistifica qualquer ideia relativamente à eventual promiscuidade dos homens homossexuais. Mas aproveito o tema para dar a minha opinião pessoal: Existem, antes de mais, pessoas. Essas pessoas poderão ser, ou não, homossexuais. E esses seres, homossexuais, ou não, poderão ser, ou não, promíscuos. Ou seja, a promiscuidade existe (sempre existiu e sempre existirá), mas, na minha opinião, não tem absolutamente nada a ver com o facto de se ser homossexual. Conheço, efetivamente, homossexuais promíscuos, assim como conheço heterossexuais promíscuos. Não acredito que a orientação sexual de um ser humano defina o seu grau de promiscuidade. Portanto, por não achar válida essa relação, a história não poderia promover ou desmistificar tal ideia. O que não significa que, no livro, não haja personagens promíscuas. Se as há no mundo real, fazem sentido na história.
E nesse tumulto de emoções que o livro conta, onde entra o Amor?
Pergunta interessante, de resposta complicada sem abrir o jogo, apesar de haver histórias que não são necessariamente de amor. No caso desta, o amor entra na exata medida do seu entendimento por cada personagem. Uma vez mais, o que é, ou o que implica, o amor? Acho que é uma boa pergunta para um dia fazermos a cada uma das personagens do livro, embora haja uma ou outra que nos vá dando umas pistas.
No fundo são essas pistas que todos nós – personagens de um livro ou não – teremos que descortinar para encontrarmos as nossas respostas sobre o que é isso do Amor. Considera-se um romântico? Ou revê-se num equilíbrio das componentes emocional e racional? Ou nenhuma das opções?
Considero-me um romântico e quem me conhece bem (apenas esses) partilham da mesma opinião. Mas, se me permite, não creio que o ser-se mais racional, em detrimento do emocional (julgo que é nessa dicotomia que quer colocar o foco), tenha a ver com romantismo. Podemos ter uma pessoa romântica que se deixe levar totalmente pela vertente emocional ou uma outra, também romântica, mas totalmente racional. Assim, dentro dos extremos de um quadrante “Nada romântico – Racional” e “Totalmente romântico – Emocional” podemos identificar uma infinidade de possíveis combinações de cada uma dessas variáveis. Baseado nisso, talvez eu seja um romântico mais racional do que emocional.
E essa natureza – qualidade, direi – irá levar o Miguel onde depois do lançamento do “Quando Tu Nos Mentes”? Alguma ideia de um passo futuro?
Continuarei a escrever, com certeza, como fazia antes do ‘Quando tu nos mentes’. Sejam pequenos apontamentos relacionados com episódios da minha vida, sejam contos ou ainda histórias mais estruturadas (onde se incluirá um novo livro, cujas primeiras linhas comecei a escrever em janeiro passado). Ou seja, dependendo de mim, a escrita estará sempre presente no meu futuro, sem qualquer plano pré-determinado. Escrevo por prazer e, tal como aconteceu com o ‘Quando tu nos mentes’, tudo o que de positivo daí resultar é bem-vindo.
E no futuro mais próximo, onde poderemos então encontrar o Miguel e o seu livro?
Sem ser fisicamente, posso ser encontrado no Facebook e, claro, através do livro ‘Quando tu nos mentes’ que poderá ser encontrado em várias livrarias nacionais (Fnac.pt, Bertrand.pt, Wook.pt) ou em sites internacionais como os da Amazon ou da PerSe. Mas como dou uma grande importância aos encontros físicos, poderei ser encontrado no dia 2 de abril às 15:30 no Bar TR3S, em Lisboa, onde acontecerá o lançamento do meu livro ‘Quando tu nos mentes’ (evento no Facebook). Aí terei o prazer de rever amigos e de, com certeza, fazer novos, falar com todos os que me honrarem com a sua presença nesse momento, que é tão importante para mim. Estão tod@s convidad@s e são tod@s bem-vind@s, naturalmente!
Nota: Obrigado ao Miguel pelo contacto e pela disponibilidade 🙂
One comment