Tiago Braga é um cantor independente vindo do Porto que lançou recentemente o seu primeiro single em português: Amor (Já Cá Não Mora). A acompanhar o vídeo surgem “três pares de bailarinos, organizados de forma a representar variadas orientações sexuais, numa coreografia que simboliza duas pessoas em conflito numa relação“.
O Tiago – que já conta com milhares de subscritores no seu canal do Youtube – concedeu-nos uma pequena entrevista. Mas primeiro, conheçam o vídeo, “gravado, na sua maioria, em chroma key“:
O tema “Amor (Já Cá Não Mora)” é absolutamente universal, explicitado pelo vídeo. Foi uma decisão artística natural ou existiu também uma afirmação social por trás da escolha?
A decisão surgiu, primeiramente, por uma questão estética e muito pragmática: ter variedade a nível visual. Quando pensei no conceito estético para o videoclipe sabia que queria ter vários pares de bailarinos, porque a ideia sempre foi que o videoclipe tivesse um ritmo visual acelerado e diversificado. Depois lembrei-me que, dada a necessidade de existirem vários pares, porque não ter vários bailarinos organizados de forma a representar diferentes orientações sexuais?
Acredito que qualquer criador, independentemente da área artística, cujo trabalho chega a um determinado número de pessoas, quer seja um público grande ou pequeno, deve usar esse poder de comunicação para algo positivo. Esta mensagem de aceitação foi aquela que me pareceu mais se enquadrar no tema, porque apesar de se tratar de uma música que retrata um conflito amoroso, gosto de pensar que desta forma está a contribuir para uma mensagem positiva.
Esta canção é bastante diferente das anteriores e, nomeadamente, é interpretada em português. Quais os maiores desafios encontrados nesta nova página da carreira do Tiago Braga?
Acho que o maior desafio foi aprender a sair da zona de conforto. Tanto a nível melódico como a nível lírico, a “Amor (Já Cá Não Mora)” é completamente diferente daquilo que eu costumo fazer, mas acho que é por isso mesmo que está a resultar tão bem. Sempre evitei um registo em Português, pelo simples facto de que considero escrever uma boa música em Português uma tarefa mais difícil do que escrever uma boa música em Inglês. Mas ainda bem que saí dessa zona de conforto, porque apercebi-me de que existe um estilo musical completamente diferente daquele que eu tinha definido como “meu” no qual eu funciono.
A nível criativo, isto permite-me começar a inovar mais e explorar estilos que eu nunca tinha considerado antes, por achar que não me enquadrava neles. O videoclipe foi também um enorme desafio, porque eu nunca tinha feito nada deste género. Houve alturas em que tive grandes dúvidas se seria possível, com os meios que tinha disponíveis, reunir os elementos necessários para fazer uma produção deste género, e confesso que estive quase a desistir do projeto. Mas ainda bem que não o fiz!
Quando nos encontramos num novo ciclo é difícil não falarmos do futuro, quais os próximos passos deste projecto?
Tenho imensas ideias em mente, mas acho que o primeiro passo vai ser organizar essas ideias todas e escolher apenas uma ou duas que eu sei que consigo fazer. Às vezes as pessoas não se apercebem da dificuldade de se ser um artista independente, porque existe um bocado a ideia de que fazer trabalho na área artística é fácil e que todos temos as mesmas facilidades de acesso. Mas não é bem assim, por isso prefiro limitar-me a um projeto ou dois que eu sei que consigo fazer funcionar com os meios que tenho. Nesse sentido, gostava de lançar mais um ou dois singles originais até ao final do ano. Para 2017, a meta é o lançamento de um EP, mais vai depender imenso da forma como esta nova fase da minha carreira evoluir durante este ano.
Por fim, uma mensagem a quem por aqui o leia?
Vou apropriar-me de uma frase de dois colegas do YouTube, do canal “Lorenzo and Pedro“, que é “never forget to smile!“
Nota: Obrigado ao Tiago pelo contacto e disponibilidade 🙂
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