O segundo dia do Queer Porto viu estrear a série de curtas-metragens In My Shorts, provenientes da imaginação e trabalho de estudantes de escolas de cinema portuguesas. E ainda que nas cinco exibidas existam umas facilmente esquecíveis, duas destacaram-se pela positiva. “Viciada no Amor” de Inês Sambas é uma colorida e divertida representação da descoberta da sexualidade de uma jovem e os seus e suas amigas, enquanto que “Camel Toe” de Alexandra Barbosa é uma amostra da vida de Bruno Cunha no Porto e o processo pessoal que o levou a criar a sua personagem de drag queen, e de como ela o protegeu e elevou.
Para o filme da noite estava reservado “1985” de Yen Tan, uma das obras em competição no festival. Trata-se de um momento específico na história das pessoas LGBT, neste caso dos homens gay, quando o VIH começava a toar as suas primeiras vítimas. Um dos grandes trunfos de Tan é condensar todas as agruras dos tempos iniciais da epidemia numa só semana de uma personagem, quando Adrien, filho pródigo que saiu do Texas assim que atingiu a maioridade, volta a casa para passar o Natal com os pais e o irmão mais novo depois de três anos de ausência. Sempre evitando a tentação fácil do melodrama apresenta sobriamente a luta e dor de Adrien, muitas vezes deixando o espectador ocupar as lacunas propositadas. Uma interpretação brilhante de Cory Michael Smith num testamento importante deixado por aqueles que pereceram antes de nós. Não esquecer. Nunca.
A noite terminou em festa com mais um Queer Pop apresentado por Nuno Galopim, desta feita dedicado aos The Knife e a Fever Ray, seguindo o percurso do duo sueco na experimentação pop e de subversão de questões de género até chegar ao derradeiro momento atual de Karin, a arauto de uma nova realidade e identidade queer celebratória sem limitações nem vergonha.
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