O que significa a inexistência de um ‘gene gay’?

Está escrito nos nossos genes e faz parte do nosso ambiente. A homossexualidade faz parte da nossa espécie e faz parte de quem somos.

Foi assim que Benjamin Neale, investigador do Broad Institute of M.I.T. and Harvard, explicou a influência da genética na sexualidade das pessoas aquando da apresentação esta semana de um primeiro grande estudo sobre o tema, publicado na revista Science.

Segundo o mesmo há cinco marcadores do genoma humano associados a pessoas que tiveram relações homossexuais, dois exclusivos do sexo masculino, dois partilhados por ambos os sexos e um exclusivo do sexo feminino. Contudo esses marcadores justificam apenas 1% do comportamento não heterossexual, dado que este é grandemente influenciado por outros factores genéticos e, principalmente, ambientais. Desta forma, é impossível prever o comportamento sexual de um indivíduo a partir do seu genoma.

[Esses comportamentos] são modulados por centenas ou milhares de variantes genéticas, cada uma com um efeito muito pequeno, e que são definidos também pelo ambiente e pelas experiências de vida.

Mas o que significa então esta confirmação de que não existe um ‘gene gay’?

Para começar, significa que, ao contrário daquelas pessoas que, sem qualquer fundamento, defendem terapias de conversão, têm ainda menos razões que sustentem as suas atividades maliciosas. A unanimidade científica é, portanto, hoje mais forte e as desculpas para tomar posições que levam ao sofrimento físico e mental das pessoas LGBTI nas suas ‘conversões’ são também hoje mais fracas.

Se pensarmos à escala global como espécie, este estudo vem igualmente mostrar como a sexualidade humana é deveras complexa e não há nem um, nem meia dúzia de factores que a influenciam, são sim milhares deles. São tantos e estão tão impregnados na nossa espécie que se os quiséssemos excluir a todos teríamos também que excluir todas as pessoas. Porque está em nós, espécie, grupo, pessoa. Porque estamos neles, pessoa, grupo, espécie. E isso, por mais que custe a algumas pessoas admitir, que, tal como elas, fazemos parte, é absolutamente libertador. Porque nos diz, mais uma vez e contra todo o estigma que, dia após dia, sofremos desde que nascemos, que fazemos parte da humanidade. Estamos, para lá do que já nos era empírico há muito tempo, em toda a parte, em todas as pessoas, em todos os momentos. Estamos.

Esta é também uma questão de humanidade, porque por mais que nos tenham tentado e tentem ainda excluir, menosprezar, ofender ou matar, a verdade é que não vamos a lado nenhum, porque o tu e o eu confundem-se, porque as nossas diferenças são desprezáveis perante aquilo que nos une. E perceber isso é ter um vislumbre daquilo que a pretendemos construir como sociedade onde esta humanidade, como um todo, poderá ser efetivamente e por fim livre.

Fontes: Público e The New York Times.


Ep.159 – Abuso sexual, mitos e factos na primeira pessoa (reedição) Dar Voz a esQrever: Notícias, Cultura e Opinião LGBTI 🎙🏳️‍🌈

O CENTÉSIMO QUINQUAGÉSIMO NONO episódio do Podcast Dar Voz A esQrever 🎙️🏳️‍🌈 é apresentado por Pedro Carreira. Sim, este episódio é especial e uma reedição de um episódio anterior dedicado ao abuso sexual, contado na primeira pessoa. Dado os recentes e mediáticos casos de abuso sexual na Igreja Católica a virem à superficie achamos que os conteúdos reeditados deste episódio fazem mais sentido que nunca e, acima de tudo, podem ajudar vítimas de crimes semelhantes de violência sexual a não se sentirem tão sozinhas. Associações de apoio especializado à vítima de violência sexual:- Quebrar o Silêncio (apoio para homens e rapazes vítimas de abusos sexuais)Linha de apoio: 910 846 589 Email: apoio@quebrarosilencio.pt- Associação de Mulheres Contra a Violência – AMCVLinha de apoio: 213 802 165 Email: ca@amcv.org.pt- Emancipação, Igualdade e Recuperação – EIR UMARLinha de apoio: 914 736 078 Email: eir.centro@gmail.com Artigos mencionados no episódio: Sobre abuso sexual, orientação sexual e o silenciamento das vítimas O nosso corpo Quebrar O Silêncio: Vítimas de abusos sexuais estão em crise Abusos sexuais na Igreja: prescrição de crimes deve aumentar para 30 anos da vítima, defende Comissão Jingle por Hélder Baptista 🎧 Este Podcast faz parte do movimento #LGBTPodcasters 🏳️‍🌈 Para participarem e enviar perguntas que queiram ver respondidas no podcast contactem-nos via Twitter e Instagram (@esqrever) e para o e-mail geral@esqrever.com. E nudes já agora, prometemos responder a essas com prioridade máxima. Podem deixar-nos mensagens de voz utilizando o seguinte link, aproveitem para nos fazer questões, contar-nos experiências e histórias de embalar: https://anchor.fm/esqrever/message 🗣 – Até já unicórnios 🦄
  1. Ep.159 – Abuso sexual, mitos e factos na primeira pessoa (reedição)
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  3. Ep.157 – Festival da Canção (parte II), Loreen, Ellie & Riley e Bans Drag outra vez

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