GLAAD: Apesar do ano tumultuoso de 2020 na televisão, a representação LGBTQ manteve-se estável

Indya Moore, Ryan Jamaal Swain e Mj Rodriguez da série Pose.

O estudo anual realizado pela GLAAD concluiu que 70 (9,1%) das 773 personagens regulares em séries no horário nobre nesta temporada nos Estados Unidos são LGBTQ – uma diminuição de um ponto percentual em relação à percentagem recorde do ano passado de 10,2% e a primeira vez que se verifica um recuo desde o relatório de 2013-2014.

Existem 31 personagens LGBTQ recorrentes adicionais na televisão de sinal aberto, de um número total de personagens de 101 – uma queda das 120 no relatório do ano passado.

A representação LGBTQ no pequeno ecrã enfrentou a sua maior queda no cabo em horário nobre, onde o número de personagens regulares LGBTQ diminuiu de 121 para 81. Simultaneamente, houve apenas 37 personagens LGBTQ recorrentes em programas no cabo, abaixo das 94 no relatório do ano passado, reduzindo assim o número total de personagens LGBTQ de 215 para 118. Por outro lado, o estudo também descobriu que mais da metade das personagens LGBTQ no cabo em horário nobre são pessoas não brancas, marcando um rápido passo para a representação no pequeno ecrã.

No seu relatório, a GLAAD explicou que a queda no número de personagens LGBTQ poderia ser atribuída à pandemia do coronavirus que obrigou vários programas de televisão a serem temporariamente suspensos ou atrasados.

Vários programas de televisão inclusiva LGBTQ, como The L Word: Generation QEuphoriaKilling Eve, foram adiados como resultado da pandemia, impactando assim o número de personagens LGBTQ na televisão.

Houve também uma queda no número de personagens LGBTQ nas plataformas de streaming, incluindo Amazon, Hulu e Netflix. A reportagem apurou que houve 95 personagens regulares nas plataformas de streaming no último ano, com mais 46 personagens recorrentes, elevando o total de personagens queer no streaming a 141. Isso marca, no entanto, uma queda de 12 personagens no total em relação ao relatório do ano anterior.

The L Word: Generation Q

Lamentavelmente, a representação lésbica diminuiu nas plataformas de streaming pelo quarto ano consecutivo, com personagens lésbicas representando apenas 28% dos personagens LGBTQ.

Na temporada 2020-21, personagens bissexuais compõem 28% de todas as personagens LGBTQ, um aumento de 2% em relação ao ano passado. Estes números ainda tendem para as mulheres, com 65 mulheres, 33 homens e uma personagem não binária.

Foram contabilizadas pelo estudo um total de 29 personagens trans (regulares e recorrentes), onde se incluem 15 mulheres trans, 12 homens trans e duas personagens trans não binárias.

Este é o quarto ano em que a GLAAD contou personagens assexuadas no seu relatório. No ano passado, houve uma única personagem assexuada na série BoJack Horseman da Netflix, entretanto cancelada.

Houve também uma queda preocupante no número de personagens seropositivas na televisão no último ano, caindo de nove no relatório do ano passado para apenas três este ano. Todas esses três personagens estão na série Pose.

O relatório também descobriu que apenas quatro pessoas autoras são responsáveis por criar quase um em cada cinco de todas as personagens LGBTQ na televisão. Greg Berlanti, Lena Waithe, Shonda Rhimes e Ryan Murphy foram responsáveis por criar 17% de todas as personagens LGBTQ na televisão. As mesmas quatro pessoas estavam por trás de 14% dos personagens LGBTQ no relatório do ano anterior.

“No meio de uma pandemia destrutiva, um acerto de contas cultural há muito atrasado com a injustiça racial e uma transição para uma nova era política, a representação é importante mais do que nunca à medida que as pessoas recorrem à narrativa de entretenimento para criar ligações e permitir-lhes um escape”, disse Sarah Kate Ellis, Presidente e CEO da GLAAD

Megan Townsend, diretora de pesquisa e análise de entretenimento da GLAAD, disse que “os programas com inclusão de pessoas LGBTQ dominaram a conversa em 2020, com séries como Schitt’s CreekBatwomanThe Haunting of Bly ManorVeneno, She-Ra and the Princess of Power, e outras a conseguirem alcançar públicos de elevada audiência, aclamação da crítica e fãs apaixonadas. No entanto, com a inclusão LGBTQ na indústria ainda a ser liderada por um número limitado de pessoal criativo e várias séries inclusivas a serem terminadas no estudo deste ano, os canais e serviços de streaming precisam tomar nota do valor deste público dedicado. Deve ser então uma prioridade introduzir personagens LGBTQ diversas em 2021 e garantir que as reduções deste ano não se tornem um progresso reverso à medida que a indústria continua a evoluir e a ajustar-se aos desafios desta era única.”

O estudo pode ser lido na íntegra aqui.


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