
Um homem de 26 anos diz ter sido agredido em Viseu por dirigente do Partido Chega e acusa o candidato do partido à Câmara Municipal de ter assistido a tudo e o ter agarrado. A alegada vítima disse ter sido alvo constante de ataques verbais homofóbicos, expressões que vão desde “paneleiro, bicha, Maria Papoila ou flor”.
Depois de insinuações e insultos, na passada quarta-feira, as provocações acabaram em agressões físicas. “Eu estava a trabalhar, a atender uma cliente, e eles, para aí uns seis, estavam na esplanada do café. Fui à rua para programar a chave de um carro e começaram a chamar-me nomes e a fazer gestos com as mãos como se fosse homossexual”, explicou a vítima.
Tendo respondido que “não falava com imbecis”, um dos militantes perguntou-lhe se queria “levar duas bofetadas“. Foi a partir daí que terão começado as agressões. “Começou a bater-me, eu ainda consegui defender-me e outro agarrou-me por trás.” Veio depois a saber-se que o ‘outro’ trata-se de Pedro Calheiros, candidato à Câmara de Viseu do Partido Chega.
“É uma atitude lamentável da parte de quem está a concorrer para representar uma cidade”, desabafou, acrescentando que, na altura, não sabia se as pessoas presentes eram ou não candidatas. Um deles faz parte da direcção distrital do partido.
O Chega anunciou já que mantém “integral confiança” nos candidatos e estruturas local e distrital de Viseu, referindo que só se pronunciará sobre as alegadas agressões de motivação homofóbica depois de apurados os factos pelas autoridades, “sendo certo e incontornável que rejeitará sempre quaisquer actos de violência, seja quais forem os motivos subjacentes”.
A plataforma Já Marchavas!, sediada em Viseu, comentou este caso e recordou que a 28 de Junho foi aprovada por unanimidade na Assembleia Municipal uma moção que declara Viseu uma “Zona de Liberdade LGBTI+”, repudiando “não só a violência contra a comunidade LGBTI+, mas todo o discurso e ações de ódio disseminadas por este partido.“
Recordamos que já este ano candidatos autárquicos da Iniciativa Liberal foram acusados este ano de bullying sem consequências para os mesmos e, aliás, com manutenção da confiança política do seu partido. Ora, passados alguns meses, essa violência escalou para agressões físicas contra uma pessoas percepcionada como LGBTI e estas terão sido cometidas e impulsionadas por militantes do Chega.
A normalização do ódio, seja ele de que origem for, leva ao extremar de discursos e ao aumento da violência contra as minorias do costume. Até quando vai a democracia permitir este constante ataque aos seus pilares da justiça e da igualdade?
Também como resposta a estes ataques, recorda a Já marchavas!, dia 10 de outubro de 2021, em Viseu, serão ocupadas as ruas para marchar pelos direitos LGBTQIA+. Não faltemos a esta chamada!
Atualização 28 de julho:
A página Interior do Avesso divulgou uma conversa que teve com Pedro Correia, o jovem de 26 anos agredido. Pedro falou da escalada da violência que sofreu desde que a sede do Chega se instalou por cima da loja em que trabalha, dos obstáculos criados por um agente da PSP para apresentar queixa e ainda das mensagens de apoio que tem recebido desde que o caso, que se encontra em processo no Ministério Público, foi denunciado. Vale a pena ver:

Ep.186 – Renaissance: A Film by Beyoncé (hmmm, yummy, yummy, yummy, make a bummy heated) – Dar Voz a esQrever: Notícias, Cultura e Opinião LGBTI 🎙🏳️🌈
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