França e Canadá proíbem “terapias de conversão”

França e Canadá aprovaram, por unanimidade, os projectos de lei que proíbem as chamadas “terapias de conversão”. Se no Canadá a legislação entrará em vigor no início do próximo mês de janeiro, já em França o seu corpo político deverá agora concordar com uma versão comum do texto num comité conjunto conjunto para aprovar a lei. No entanto, se o acordo falhar, a Assembleia Nacional, esmagadoramente a favor do texto, terá a última palavra.

Como explicou anteriormente Nuno Carneiro, psicólogo clínico, a tentativa de mudança da orientação sexual de uma pessoa “é mais do que ineficaz, é profundamente maleficente”. Pode agravar o estado de saúde mental de quem à partida já procurou ajuda para algum tipo de problema, seja depressivo ou de outro tipo. Pode levar ao “abuso de substâncias, abandono escolar, ataques de pânico e sofrimentos de vários tipos atribuídos a patologias que não o são”. E, em casos extremos, ao suicídio.

Ser você mesma não é um crime. Ser-se homossexual ou transgénero não é uma doença que possa ser tratada. Não, não há nada para curarreferiu Elisabeth Moreno, Ministra francesa da Igualdade, denunciando essas práticas como “ataques insuportáveis à integridade humana“.

Já o Primeiro Ministro canadiano, Justin Trudeau anunciou:”É oficial: a legislação do nosso governo que proíbe a prática desprezível e degradante de “terapia de conversão” recebeu o consentimento real – o que significa que agora é lei. Pessoas LGBTQ2 canadianas, sempre as defenderemos e os vossos direitos!

O Canadá e a França são os mais recentes de um número crescente de países, incluindo Brasil, Equador, Alemanha, Malta e regiões de Espanha, que proibiram completamente a terapia de conversão. O governo do Reino Unido comprometeu-se igualmente a proibir práticas de conversão.

Em Portugal, a ainda Deputada Cristina Rodrigues propôs a proibição de “terapias de reorientação sexual”, prevendo pena de prisão de até três anos ou multa para quem promover as nefastas práticas. “Está na altura de Portugal dar mais um passo no reforço dos direitos das pessoas LGBTI+ com a aprovação de legislação que proíba a utilização de ‘terapias de conversão’“, comentou em abril. ***

Esta é uma medida também acompanhada pelo Bloco de Esquerda que propôs, no dia 17 de maio, uma medida semelhante dado que “estes processos não são terapias pelo simples facto de que a orientação sexual, a identidade ou expressão de género, não são doenças, são características pessoais próprias de cada indivíduo, essenciais ao seu equilíbrio, saúde e vivência social. Não há nada que curar“, notou a deputada Fabíola Cardoso, autora do projeto de lei bloquista.

Ainda que com eleições legislativas em breve, Portugal tem assim um objetivo concreto para alcançar nos próximos meses e salvaguardar a saúde e a dignidade das pessoas que são submetidas à violência de uma pseudo-“terapia de conversão”.

*** Nota: Devido à integração de Cristina Rodrigues nos quadros do Partido CHEGA, rasurámos, em protesto e tomada de posição contra a instrumentalização da mesma, a parte do texto referente à antiga deputada.


Ep.251 – Festival da Canção e da Eurovisão em rutura, resistência em Budapeste & Come See Me In The Good Light Dar Voz a esQrever: Notícias, Cultura e Opinião LGBT 🎙🏳️‍🌈

O DUCENTÉSIMO QUINQUAGÉSIMO PRIMEIRO EPISÓDIO do Podcast Dar Voz A esQrever 🎙️🏳️‍🌈 é apresentado por nós, Pedro Carreira e Nuno Miguel Gonçalves.Neste episódio de Dar Voz A esQrever, olhamos para a contestação inédita no Festival da Canção 2026, com a maioria das pessoas concorrentes a rejeitar a participação na Eurovisão e a criticar diretamente a posição da RTP face à permanência de Israel no concurso. Seguimos até Budapeste, onde o presidente da câmara, Gergely Karácsony, arrisca uma acusação criminal por ter permitido a Marcha do Orgulho LGBTQ+, num caso que expõe o conflito entre o poder central autoritário e a autonomia municipal. No segmento Dar Voz A…, destacamos o documentário Come See Me in the Good Light, um retrato íntimo de amor, criação e mortalidade com a pessoa não-binária e poetisa Andrea Gibson como protagonista, bem como com a sua esposa Megan Falley.Artigos Mencionados no Episódio:Festival da Canção 2026: maioria de concorrentes rejeita Eurovisão e critica posição da RTPEspanha, Irlanda, Países Baixos e Eslovénia saem da Eurovisão. Portugal mantém-se num festival cada vez mais divididoGergely Karácsony, Presidente da Câmara de Budapeste, arrisca acusação criminal por permitir a Marcha do Orgulho LGBTQO Podcast Dar Voz A esQrever 🎙🏳️‍🌈 está disponível nas seguintes plataformas:👉 ⁠⁠Spotify⁠⁠ 👉 ⁠⁠Apple Podcasts⁠⁠ 👉 ⁠⁠Youtube Podcasts⁠⁠ 👉 ⁠⁠Pocket Casts⁠⁠ 👉 ⁠⁠Anchor⁠⁠ 👉 ⁠⁠RadioPublic⁠⁠ 👉 ⁠⁠Overcast⁠⁠ 👉 ⁠⁠Breaker⁠⁠ 👉 ⁠⁠Podcast Addict⁠⁠ 👉 ⁠⁠PodBean⁠⁠ 👉 ⁠⁠Castbox⁠⁠ 👉 ⁠⁠Deezer⁠⁠Se nos quiserem pagar um café, ⁠⁠⁠⁠⁠aceitamos doações aqui⁠⁠⁠⁠⁠ ❤️🦄Jingle por Hélder Baptista 🎧Para participarem e enviar perguntas que queiram ver respondidas no podcast contactem-nos via Bluesky ( ⁠⁠@esqrever.com⁠⁠ ) e Instagram ( ⁠⁠@esqrever⁠⁠ ) ou para o e-mail ⁠⁠geral@esqrever.com⁠⁠. E nudes já agora, prometemos responder a essas com prioridade máxima. Até já, unicórnios 🦄#LGBT #LGBTQ #FestivalDaCanção #Eurovisão #BudapestPride #ComeSeeMeintheGoodLight
  1. Ep.251 – Festival da Canção e da Eurovisão em rutura, resistência em Budapeste & Come See Me In The Good Light
  2. Ep.250 – Educação Inclusiva, Eurovisão em ruptura & "Oh, Mary!"
  3. Ep. 249 – EU defende casamento igualitário, 10 anos de adoção em Portugal, Violência Doméstica, Dia Mundial de Luta Contra a SIDA & Heated Rivalry + PLURIBUS

O Podcast Dar Voz A esQrever 🎙🏳️‍🌈 está disponível nas seguintes plataformas:
👉 Spotify 👉 Apple Podcasts 👉 Youtube Podcasts 👉 Pocket Casts 👉 Anchor 👉 RadioPublic 👉 Overcast 👉 Breaker 👉 Podcast Addict 👉 PodBean 👉 Castbox 👉 Deezer


A esQrever no teu email

Subscreve e recebe os artigos mais recentes na tua caixa de email

Respostas de 3 a “França e Canadá proíbem “terapias de conversão””

  1. Cada vez mais, fica ampliado o conceito de atração indo além do gênero e da beleza, chegando até a questão da inteligência, conversas mutuamente agradáveis, ser extrovertido ou não (antigamente os tímidos “reclamavam” de não serem “notados”). E a sexualidade reprimida gera comportamentos agressivos, pelos transtornos mentais que acarreta. Convém lembrar que nas relações sexuais há troca de energia, que culminam nos chamados “fluidos sexuais”: uma série de hormônios que nos levam do relaxamento a excitação e depois a volta ao relaxamento! Por isso, toda relação sexual deva ocorrer mediante prazer mutuo! Por todo esse contexto, também penso, que deva ser melhor avaliada a questão do gênero biológico ou ao que a pessoa alega se identificar: por ser de família em que minha mãe queria ter uma prole “feminina”, trazemos nós que nascemos homens, esse “desejo maternal” na memória fetal. Até hoje, a masturbacao para mim, quando ocorre é quando me sinto mais ansioso, nunca por prazer. Antes de me tornar adolescente, o que os pediatras tratam como descoberta do pênis, no desenvolvimento da criança, eu me tocava como se não quisesse o membro ali! Apesar de ter sido adolescente numa época em que nem se imaginaria ler que cisgenero homossexual era “possível”, foi justamente com homens cisgeneros e que eu imaginaria que namorariam mulher, que me relacionei e até namorei: Termos os chamados corpos viris, Nunca impediu a ereção mútua!

    Gostar

  2. […] em Portugal, de circuncisão mundial e também do inquérito de discriminação da LGBTI Viseu e da proibição das “terapias de conversão” em França e no Canadá. Depois ainda entramos no Dar Voz A… em que destacamos o espetáculo […]

    Gostar

  3. […] a Alemanha introduziu a proibição da mutilação genital em pessoas intersexo e a França proibiu a chamada “terapia de conversão” com base na orientação sexual e na identidade de […]

    Gostar

Deixe uma resposta para Podcast – Rakata: TERFismo e discriminação em Portugal, terapia de conversão na Europa. E circuncisão? – esQrever Cancelar resposta

Apoia a esQrever

Este é um projeto comunitário, voluntário e sem fins lucrativos, criado em 2014, e nunca vamos cobrar pelo conteúdo produzido, nem aceitar patrocínios que nos possam condicionar de alguma forma. Mas este é também um projeto que tem um custo financeiro pelas várias ferramentas que precisa usar – como o site, o domínio ou equipamento para a gravação do Podcast. Por isso, e caso possas, ajuda-nos a colmatar parte desses custos. Oferece-nos um café, um chá, ou outro valor que te faça sentido. Estes apoios são sempre bem-vindos 🌈

Buy Me a Coffee at ko-fi.com