Padre suspenso por troca de imagens obscenas com jovens terá acolhido ‘terapias de conversão’ com psicóloga Maria José Vilaça

O padre Duarte Andrade e Sousa foi suspenso das suas atividades pastorais esta semana pelo Patriarcado de Lisboa quando famílias descobriram imagens e vídeos obscenos nos telemóveis das suas crianças num grupo de WhatsApp que o padre mantinha com estudantes do Colégio S. Tomás, em Lisboa.

E se o Patriarcado de Lisboa avançava inicialmente em comunicado referência a uma troca de mensagens com “linguagem inapropriada” e sem referir o nome do padre, mais tarde, tanto o jornal 7Margens como a agência Lusa, confirmaram que se tratava de um caso ainda mais grave por incluir imagens e vídeos obscenas num chat que o referido padre administrava com estudantes do colégio onde era capelão.

O cardeal-patriarca, Manuel Clemente, que disse ter dificuldade em acreditar que o filho de um casal homossexual apreenda o valor da complementaridade entre sexos, interditou o padre Duarte de estar sozinho em qualquer contacto com jovens, incluindo nas atividades como pároco da paróquia de Nossa Senhora do Carmo em Lisboa.

A decisão do Patriarcado de Lisboa foi comunicada pessoalmente pelo próprio cardeal ao visado no dia 23 de junho, o que significa que se passaram duas semanas entre a conversa e a divulgação do comunicado.

A reitoria do colégio onde o padre era capelão explicou que foi o próprio que assumiu os factos e disse que deixaria de aparecer no Colégio S. Tomás. As famílias, por seu lado, avançaram que estão sobretudo preocupadas com a proteção dos seus filhos e filhas e querem evitar que a situação lhes seja ainda mais prejudicial.

O caso será agora investigado pela Comissão Diocesana de Protecção de Menores e Pessoas Vulneráveis, que integra o ex-procurador-geral da República José Souto Moura, que preside também à Coordenação Nacional das Comissões Diocesanas de Protecção de Menores, criada pela Igreja Católica. A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica em Portugal, liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, deverá ser igualmente informada deste caso.

Padre Duarte Andrade e Sousa terá acolhido “terapias de conversão”

O padre Duarte era responsável pela Igreja paroquial de Nossa Senhora do Carmo, onde terão acontecido as chamadas "terapias de conversão" a cargo da psicóloga Maria José Vilaça, num caso denunciado pela TVI em 2019.
O padre Duarte era responsável pela Igreja paroquial de Nossa Senhora do Carmo, onde terão acontecido as chamadas “terapias de conversão” a cargo da psicóloga Maria José Vilaça, num caso denunciado pela TVI em 2019.

Foi também o Padre Duarte Andrade e Sousa que terá acolhido na sua paróquia sessões das chamadas “terapia de conversão” para pessoas homossexuais conduzidas por Maria José Vilaça, a psicóloga que, em 2016, comparou a homossexualidade à toxicodependência. Na altura, Vilaça era presidente da Associação dos Psicólogos Católicos e a mesma mantém-se hoje ao lado do movimento chamado, não ironicamente, Deixem As Crianças Em Paz. A sua prática de (pseudo) conversão, acolhida pelo padre, foi denunciada numa reportagem da TVI no início de 2019.

Como explicou outrora Nuno Carneiro, psicólogo clínico, a tentativa de mudança da orientação sexual ou identidade de género de uma pessoa “é mais do que ineficaz, é profundamente maleficente”. Pode agravar inclusive o estado de saúde mental de quem à partida já procurou ajuda para algum tipo de problema, seja depressivo ou de outro tipo. Estas práticas, além de não terem legitimidade nem seriedade clínica, podem levar ao “abuso de substâncias, abandono escolar, ataques de pânico e sofrimentos de vários tipos atribuídos a patologias que não o são”. E, em casos extremos, ao suicídio.

Depois de ficarem sem efeito as propostas de partidos na legislatura anterior, tanto o Bloco de Esquerda como o Partido LIVRE propuseram criminalizar “práticas de conversão” da orientação sexual e identidade de género..

O Padre Duarte Andrade e Sousa, capelão do 2.º ciclo do Colégio de S. Tomás, explica como estudantes devem fazer quando não há missa comunitária devido à pandemia (março 2020)

No início da pandemia da COVID-19, este mesmo padre, que era capelão de estudantes do segundo ciclo do ensino básico no Colégio S. Tomás, terá sido um dos que, contrariando as indicações da Conferência Episcopal e de especialistas em saúde, insistiu em dar a comunhão na boca durante as celebrações na missa.

3 comentários

  1. Até quando a Igreja vai continuar insistindo em Celibato e Voto de Castidade? Não existe saúde mental com “retração” da sexualidade. A complementariedade em nada tem haver com reprodução humana (homem e mulher): homens e mulheres, mesmo sendo bissexual e homossexual, podem ter relação sexual ou vida conjugal, em complementariedade!

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