A Organização da Marcha do Orgulho LGBTI+ do Porto rejeita realização do Arraial+ Orgulhoso no Parque do Covelo, longe do centro da cidade. Petição com milhares de assinaturas foi entregue à Câmara do Porto no mesmo dia em que a mesma rejeitou voto de Saudação à Marcha.
A duas semanas da Marcha do Orgulho LGBTI+ do Porto, a Câmara Municipal voltou a mudar os planos quanto à realização do arraial que encerrará a marcha. Depois do Largo Amor de Perdição e da Alameda das Fontainhas, a Ágora – empresa municipal para a Cultura e Desporto – sugere agora o Parque Municipal do Covelo, a 45 minutos do centro da cidade. Tal reviravolta foi denunciada pela organização que criou uma petição pela “visibilidade” do arraial. Esta reuniu, em apenas três dias, 5.700 assinaturas.
Nesta terça-feira, a Ágora enviou um novo email a confirmar a proposta e a pedir uma resposta célere da organização quanto à única hipótese do Parque Municipal do Covelo.
Intervenções na Assembleia Municipal apelam ao apoio da Câmara
Na passada segunda-feira, ativistas tiveram a oportunidade de exprimir as suas posições em assembleia municipal. “Sou ativista pelo direitos LGBTI+ porque sou mãe de um filho homossexual, [a quem prometi todo o apoio].” Assim se apresentou Eulália Almeida, membro da Amplos — Associação de Mães e Pais pela Liberdade de Orientação Sexual e Identidade de Género. “Digam ao nosso presidente que nos deixe fazer o nosso arraial. Porque a marcha nós vamos fazer, custe o que custar. Mas queremos o nosso arraial na Alameda das Fontainhas ou no Largo Amor de Perdição.”
A ativista tomou a palavra já depois da 1h da madrugada, quando Rui Moreira, o presidente da câmara, já não estava presente. O autarca terá saído imediatamente antes das intervenções.
Eulália já subira ao palco dos Prémios Arco-Íris em 2018 pela sua participação no documentário Até Que A Porno Nos Separe.
Filipe Gaspar, membro da comissão organizadora da Marcha do Orgulho LGBTI+ do Porto, também interveio na assembleia. O ativista apontou igualmente ao jornal Público falhas na acessibilidade ao Parque do Covelo, com “limitações ao acesso de pessoas com mobilidade reduzida”, bem como preocupações de segurança. “Para nós é impensável que o arraial aconteça no Covelo, que nem tem dimensão para receber tantas pessoas“. São esperadas 15 mil pessoas no próximo dia 8 de julho. Relembra também os atos de vandalismo no Évora Pride e a ausência de escolta policial na Marcha de Braga, considerando que o parque não reúne as condições de segurança para a realização de um evento destes.
“Para o Covelo não vamos“, afirma Filipe Gaspar. “Se não tivermos outra opção, a alternativa será a ocupação do espaço público. E essa é uma solução que nos coloca em perigo”. Para o membro dia organização, “esta é uma forma de nos oprimir e desgastar. Mas temos esperança que o município ainda repense a sua postura.”
No entanto, o gabinete de imprensa da Câmara Municipal do Porto confirmou que, até ao momento, as condições permanecem inalteradas.
Câmara rejeita voto de saudação à Marcha do Orgulho LGBTI+ do Porto
Como se não bastasse, em pleno Dia Internacional do Orgulho LGBTI+, a Câmara Municipal do Porto rejeitou um voto de Saudação à 18ª Marcha da cidade. Este voto recomendava à Câmara Municipal:
- Que acolhesse a solicitação da Comissão Organizadora da Marcha do Orgulho do Porto para que o Arraial da Marcha deste ano se realizasse no centro da cidade.
- Que procedesse à elaboração do plano municipal LGBTQIA+ aprovado pela Assembleia Municipal do Porto em 2021, em coerência com o previsto na Estratégia Nacional para a Igualdade e Não-Discriminação 2018-2030.
O voto foi rejeitado com votos contra do Grupo Rui Moreira (Independentes, Iniciativa Liberal e CDS), PSD e Chega.
A Marcha do Orgulho LGBTI+ do Porto e o Arraial+ Orgulhoso estão previstos para dia 8 de julho de 2023.
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