Por que recusa a Câmara do Porto hastear Bandeira do Orgulho LGBTI no Dia (Inter)Nacional de Luta contra a Homo, Bi, Trans e Interfobia?

A Câmara Municipal do Porto, liderada por Rui Moreira, recusou mais uma vez hastear a bandeira do Orgulho LGBTI na próxima segunda-feira, dia 17 de maio, data em que se assinala o Dia (Inter)Nacional de Luta contra a Homo, Bi, Trans e Interfobia.

A autarquia justifica a decisão por não ter “como prática hastear bandeiras, para além das protocolares”. O Conselho Consultivo para as questões LGBTI (CCLGBTI), representado por variadas associações e entidades pela defesa dos direitos humanos, acusa a autarquia de “falta de sensibilidade” e considera que esta decisão apenas “cava um fosso” em relação a várias outras cidades portuguesas, entre elas Lisboa, que assinalam o dia há vários anos.

O CCLGBTI lamenta esta falta de sensibilidade por parte do executivo portuense e, em particular do seu presidente, Dr. Rui Moreira, tanto mais que vemos assim cavar-se um fosso para tantas outras cidades portuguesas (a começar por Lisboa, mas muitas para além da capital) que têm vindo a aderir a esta jornada tão carregada de significado que é o assinalar do dia 17 de Maio

O pedido para a Câmara do Porto hastear a bandeira arco-íris esta segunda-feira partiu do núcleo portuense da associação AMPLOS, Associação de Mães e Pais pela Liberdade de Orientação Sexual e Identidade de Género, ainda em fevereiro. Ana Maria Jorge, da comissão de coordenação, explicou que este ano a organização decidiu fazer uma fundamentação ainda maior no pedido, depois dos insucessos em outras ocasiões.

Desta vez“, explicou, “fizemos um pedido mais fundamentado: uma carta invocando declarações das Nações Unidas“, como as da comissária dos Direitos Humanos, Michelle Bachelet que, em 2020, afirmou que “as pessoas LGBTI estão mais expostas a estigmas, discriminação e violência incluindo quando procuram serviços médicos e até mesmo no seio das suas famílias” e pediu a todas as pessoas que se manifestem e posicionem “contra o ódio, os preconceitos e estigmas e a violência sofridos pelas pessoas LGBTI“. Michelle Bachelet lembrou ainda que os muitos avanços dos direitos das pessoas LGBTI “ainda não são universais e por isso espera que todos e todas se juntem a si para defender Direitos Humanos“.

A resposta? Ana Maria Jorge disse que reencaminharam o pedido para um vereador municipal, Adolfo Sousa, que explicou que “a Câmara Municipal não tem como prática hastear bandeiras além das protocolares”. Invoca assim um artigo do Código Regulamentar do Município do Porto, o D-1/2.º, nº 2, que dita a necessidade de licenciamento de “todas as demais ocupações do espaço público” que não correspondam “à sua normal utilização”. Sendo a bandeira arco-íris um símbolo não protocolar, a Câmara do Porto considera pois necessário um licenciamento específico para esta ocasião. Licenciamento esse que, nestes meses de pedidos e negociações não foi possível realizar? Porquê?

A data de 17 de maio foi escolhida para comemorar a decisão da Organização Mundial da Saúde em 1990 de desclassificar a homossexualidade como um distúrbio mental da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID), uma das primeiras grandes conquistas da comunidade e do ativismo LGBTI.

Na visão da AMPLOS, mais do que a demonstração de um símbolo, hastear a bandeira LGBTI a 17 de maio passaria às pessoas que vivem, trabalham e passam pelo Porto uma mensagem de inclusão “muito importante“.

Por todas estas razões e mais alguma, importaria que em 2021 a Câmara Municipal do Porto arranjasse forma de promover o fim de décadas de silêncio e de armário. Importaria também que se colocasse, por fim, do lado certo da história em vez de se escudar por detrás de burocracias, ainda para mais quando outras cidades já deram esse salto há vários anos. As pessoas da cidade do Porto merecem mais e melhor e a sua câmara precisa modernizar-se e dar o exemplo por elas, por todas elas. Orgulhosamente!

O CCLGBTI marcou, como forma de protesto e de passar a mensagem de inclusão, precisamente para segunda-feira, 17 de maio, uma concentração junto ao edifício da Câmara Municipal do Porto pelas 13h. Prometem levar muitas bandeiras arco-íris. Quem se junta? 🏳️‍🌈


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O CENTÉSIMO SEXAGÉSIMO OITAVO episódio do Podcast Dar Voz A esQrever 🎙️🏳️‍🌈 é apresentado por nós, Pedro Carreira e Nuno Gonçalves. É o início do Mês do Orgulho e infelizmente nem toda a gente se rende às evidências científicas da felicidade de jovens e pessoas LGBTI. Falamos dos números da mudança de género em Portugal, da ameaça à saude das pessoas trans nos EUA e de um estudo que demonstra o quão vital é o apoio da família e da escola para a felicidade de jovens LGBTI+. No Dar Voz A… dizemos adeus a Succession e Ted Lasso. Artigos mencionados no episódio: Portugal: houve 519 mudanças de género e de nome em 2022, 146 por menores EUA: Texas proíbe cuidados de afirmação de género a menores trans Estudo mostra como o apoio da família e da escola são essenciais à felicidade de jovens LGBTQ+ Kieran Culkin aborda a sexualidade de Roman Roy em ‘Succession’ Num mundo onde o coming out ainda é escasso no futebol masculino, Ted Lasso trilha caminho para o Orgulho Jingle por Hélder Baptista 🎧 Este Podcast faz parte do movimento #LGBTPodcasters 🏳️‍🌈 Para participarem e enviar perguntas que queiram ver respondidas no podcast contactem-nos via Twitter e Instagram (@esqrever) e para o e-mail geral@esqrever.com. E nudes já agora, prometemos responder a essas com prioridade máxima. Podem deixar-nos mensagens de voz utilizando o seguinte link, aproveitem para nos fazer questões, contar-nos experiências e histórias de embalar: https://anchor.fm/esqrever/message 🗣 – Até já unicórnios https://pca.st/gn2lz94o
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