Ucrânia: “Não estamos apenas a lutar contra Putin, estamos também a lutar contra as forças homofóbicas internas”

Marcha do Orgulho de Kiyv (2019)

A bomba não pergunta qual é a nossa identidade, a bomba simplesmente cai“, explicou Lenny Ensom, diretor da Kiyv Pride.

Lenny não consegue dormir desde que a invasão da Ucrânia por parte da Rússia começou, já que o som dos bombardeamentos nunca está longe. Ainda esta semana, um prédio no seu distrito foi atingido.

É como a roleta russa, nunca sabemos onde a bomba vai parar.”

Como diretor do Kyiv Pride, ele dedicou grande parte da sua vida a lutar pelos direitos da comunidade LGBT+ da Ucrânia. Nas últimas semanas, o foco do seu trabalho mudou drasticamente e, de repente, luta para a comunidade conseguir obter alimentos e refúgio à medida que a guerra avança.

Neste momento, as muitas pessoas LGBTI que permanecem na Ucrânia estão apenas em modo de sobrevivência, mas a discriminação e as desigualdades persistem – houve relatos generalizados de racismo contra pessoas que estavam a tentar fugir do país e de pessoas trans (nomeadamente mulheres) não poderem deixar a Ucrânia ou passar por postos de controlo devido à sua documentação legal.

A segurança é primordial, explicou Lenny e há atores de extrema-direita na Ucrânia que ainda estão a visar a comunidade LGBTI+, mesmo em tempos de guerra: “Estão a atacar pessoas LGBTI+ durante a guerra e durante a invasão, e isso é absolutamente nojento“, disse. “Não estamos apenas a lutar contra Putin, estamos a lutar também contra as forças homofóbicas internas.”

Lenny Ensom (ao centro) e outras pessoas ativistas do Kyiv Pride.

O Kyiv Pride tem trabalhado intensamente nas últimas semanas para ajudar a população ucraniana: criou um grupo de conversa seguro para pessoas LGBTI, criou uma lista de lugares seguros onde as pessoas podem ficar no exterior e está a circular um formulário fácil de preencher para que se saiba quem precisa de ajuda.

A organização fez uma parceria com a Gay Alliance Ukraine para apoiar pessoas LGBTI+ que foram evacuadas das áreas vizinhas para que possam aceder a abrigos de emergência. Também está a ajudar a comunidade LGBTI+ local com acesso a apoio psicológico que funciona 24 horas por dia para garantir que as pessoas LGBTI+ permaneçam à tona.

Muitas pessoas colegas e amigas de Lenny optaram por permanecer na Ucrânia e algumas delas juntaram-se inclusive às unidades de defesa militar e territorial.

Aprecio que façam isso“, disse. “O nosso país precisa de nós agora e venceremos se ficarmos aqui e lutarmos contra a agressão russa. Se fugirmos da guerra, nada vai parar a invasão russa.”


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O DUCENTÉSIMO QUINQUAGÉSIMO PRIMEIRO EPISÓDIO do Podcast Dar Voz A esQrever 🎙️🏳️‍🌈 é apresentado por nós, Pedro Carreira e Nuno Miguel Gonçalves.Neste episódio de Dar Voz A esQrever, olhamos para a contestação inédita no Festival da Canção 2026, com a maioria das pessoas concorrentes a rejeitar a participação na Eurovisão e a criticar diretamente a posição da RTP face à permanência de Israel no concurso. Seguimos até Budapeste, onde o presidente da câmara, Gergely Karácsony, arrisca uma acusação criminal por ter permitido a Marcha do Orgulho LGBTQ+, num caso que expõe o conflito entre o poder central autoritário e a autonomia municipal. No segmento Dar Voz A…, destacamos o documentário Come See Me in the Good Light, um retrato íntimo de amor, criação e mortalidade com a pessoa não-binária e poetisa Andrea Gibson como protagonista, bem como com a sua esposa Megan Falley.Artigos Mencionados no Episódio:Festival da Canção 2026: maioria de concorrentes rejeita Eurovisão e critica posição da RTPEspanha, Irlanda, Países Baixos e Eslovénia saem da Eurovisão. Portugal mantém-se num festival cada vez mais divididoGergely Karácsony, Presidente da Câmara de Budapeste, arrisca acusação criminal por permitir a Marcha do Orgulho LGBTQO Podcast Dar Voz A esQrever 🎙🏳️‍🌈 está disponível nas seguintes plataformas:👉 ⁠⁠Spotify⁠⁠ 👉 ⁠⁠Apple Podcasts⁠⁠ 👉 ⁠⁠Youtube Podcasts⁠⁠ 👉 ⁠⁠Pocket Casts⁠⁠ 👉 ⁠⁠Anchor⁠⁠ 👉 ⁠⁠RadioPublic⁠⁠ 👉 ⁠⁠Overcast⁠⁠ 👉 ⁠⁠Breaker⁠⁠ 👉 ⁠⁠Podcast Addict⁠⁠ 👉 ⁠⁠PodBean⁠⁠ 👉 ⁠⁠Castbox⁠⁠ 👉 ⁠⁠Deezer⁠⁠Se nos quiserem pagar um café, ⁠⁠⁠⁠⁠aceitamos doações aqui⁠⁠⁠⁠⁠ ❤️🦄Jingle por Hélder Baptista 🎧Para participarem e enviar perguntas que queiram ver respondidas no podcast contactem-nos via Bluesky ( ⁠⁠@esqrever.com⁠⁠ ) e Instagram ( ⁠⁠@esqrever⁠⁠ ) ou para o e-mail ⁠⁠geral@esqrever.com⁠⁠. E nudes já agora, prometemos responder a essas com prioridade máxima. Até já, unicórnios 🦄#LGBT #LGBTQ #FestivalDaCanção #Eurovisão #BudapestPride #ComeSeeMeintheGoodLight
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Respostas de 2 a “Ucrânia: “Não estamos apenas a lutar contra Putin, estamos também a lutar contra as forças homofóbicas internas””

  1. […] dos bloqueadores de puberdade para a saúde mental de pessoas trans e da perseguição de pessoas LGBTI na Ucrânia. Discutimos com detalhe a última polémica gerada pela comediante Joana Marques do Extremamente […]

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  2. […] causaram problemas específicos para as pessoas LGBTI que se inscreveram nas forças armadas após a invasão da Rússia. Por exemplo, de acordo com a lei ucraniana, se um membro de um casal homossexual morrer, o outro […]

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