“Está na hora de Portugal acordar”: Salvador Sobral pede boicote à Eurovisão se Israel participar

“Está na hora de Portugal acordar”: Salvador Sobral pede boicote à Eurovisão se Israel participar
Salvador Sobral (@aryandornelles via Facebook)

O debate sobre a presença de Israel na Eurovisão ganhou novo fôlego em Portugal. Salvador Sobral, vencedor do Festival Eurovisão da Canção em 2017, afirmou que “está na hora de Portugal acordar” e retirar a sua participação do concurso se Israel marcar presença em 2026.

Em declarações à TSF, Sobral defendeu que “expulsar Israel da Eurovisão é algo simbólico, reconhecer o Estado da Palestina também é simbólico, mas com muita força”. Para o músico, a comparação com a expulsão imediata da Rússia em 2022 é clara: “Assim como a Rússia foi logo expulsa da Eurovisão, Israel tem de ser expulso logo desde que começou esta leva de ataques mais intensa. Desde que o genocídio é declarado, é óbvio que Israel não pode estar na Eurovisão a cantar canções de circo, não faz nenhum sentido.”

Sobral sublinhou ainda que “não se percebe porquê, há uma impunidade. E a Eurovisão segue a mesma linha dos governos, que é uma linha de total negação daquilo que está a acontecer.

Salvador Sobral já se tinha manifestado antes

Esta não é a primeira vez que o artista português, que se declarou intersexo em 2024, se posiciona contra a presença de Israel. Em maio, semanas antes da realização da 69.ª edição em Basileia, Sobral foi uma das mais de 70 pessoas artistas que assinaram uma carta aberta a apelar à EBU (European Broadcasting Union) para excluir a emissora israelita KAN.
Entre as signatárias estavam também nomes portugueses como António Calvário, Fernando Tordo, Lena D’Água e Rita Reis. A carta acusava a KAN de ser “cúmplice do genocídio contra os palestinianos em Gaza”.

O silêncio da RTP face à Eurovisão pode estar a terminar

Até ao momento, a RTP não tomou posição oficial sobre a participação de Israel. Porém, a emissora anunciou recentemente a realização do Festival da Canção 2026, sem mencionar diretamente a Eurovisão, como vinha sendo habitual. No regulamento divulgado esta semana, lê-se apenas que “a canção vencedora fica habilitada a representar a RTP no Eurovision Song Contest 2026”.

Segundo a TSF, a RTP vai discutir o tema com a EBU no próximo dia 25 de setembro. Rumores na comunidade de fãs eurovisiva apontam para que Portugal possa ser um dos próximos países a manifestar oposição formal.

Vários países contra a participação de Israel

A pressão internacional tem vindo a crescer. Irlanda, Países Baixos e Espanha, um dos países que integram os Big 5, juntaram-se à Islândia e à Eslovénia nos apelos à EBU para expulsar Israel do concurso.

A emissora dos Países Baixos, AVROTROS, foi clara: “Não podemos justificar mais a participação de Israel na situação atual, dado o severo e contínuo sofrimento humano em Gaza.” Já a emissora pública da Irlanda, a RTÉ, afirmou que o país “não participará no Festival Eurovisão da Canção 2026 se a participação de Israel for concretizada.”

Um festival que sempre se apresentou como espaço de inclusão, diversidade, liberdade e queerness vê-se confrontado com uma pergunta incontornável: pode continuar a proclamar estes valores enquanto dá palco a um Estado acusado de genocídio?


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