Queer Lisboa e Queer Porto anunciam retrospetivas das edições de 2023: Yvonne Rainer e Vivienne Dick

Os Festivais Internacionais de Cinema Queer – Queer Lisboa e Queer Porto – confirmam o regresso às salas de cinema para a 27ª e a 9ª edição, respetivamente. O Queer Lisboa 27 terá lugar no Cinema São Jorge e na Cinemateca Portuguesa entre os dias 22 e 30 de setembro. Entre os dias 10 e 14 de outubro, o Queer Porto chega pela primeira vez ao Batalha – Centro de Cinema, continuando também a sua programação na Casa Comum da Reitoria da Universidade do Porto e no Maus Hábitos.

O Queer Lisboa anunciou recentemente o primeiro título que integrará a sua programação deste ano, a longa-metragem “Arrête avec tes mensonges”, de Olivier Peyon, incluída na Secção Panorama. No âmbito desta sessão e em parceria com o programa MaisFRANÇA, o escritor da novela na origem do filme, Philippe Besson, marcará presença no Festival para uma conversa. Após esta primeira divulgação, os festivais confirmam os títulos das retrospetivas das novas edições.

Obra de Yvonne Rainer ocupará os ecrãs do Queer Lisboa

Retrospetiva Yvonne Rainer no Queer Lisboa 27

A retrospetiva deste ano do Queer Lisboa será dedicada à norte-americana Yvonne Rainer (São Francisco, 1934), em colaboração com a Cinemateca Portuguesa. Coreógrafa, bailarina e cineasta, Rainer é pioneira do movimento de vanguarda norte-americano, com uma carreira de mais de cinco décadas na dança e no cinema. Embora esta sua faceta seja menos conhecida, a artista é amplamente considerada uma das personalidades mais influentes da vanguarda do cinema feminista queer, com um trabalho que enfatiza o experimentalismo e que desafia formas convencionais na exploração de questões sociais, políticas e de género.

Para além dos filmes realizados por Rainer, a retrospetiva integra também dois documentários sobre a sua trajetória: “Feelings Are Facts: the Life of Yvonne Rainer”, pelo realizador Jack Walsh, que estreou na Berlinale em 2015; e “Rainer Variations”, de Charles Atlas — um subversivo e inventivo retrato do processo de pensamento de Rainer. Radicalmente diferentes na sua forma e abordagem, os dois documentários propostos ajudam-nos a compreender o trabalho de corpo – que rompe com o clássico e olha antes para o gesto quotidiano – que Rainer desenvolve nos palcos, em contraste com uma preocupação mais psicologista que virá a explorar no cinema. O programa conta ainda com um debate sobre a obra da artista homenageada, em parceria com a BoCA – Bienal of Contemporary Arts, com convidades a anunciar brevemente e que terá lugar também na Cinemateca Portuguesa.

Queer Porto irá focar-se na obra de Vivienne Dick e no movimento punk

Retrospetiva Vivienne Dick no Queer Porto 9

No Queer Porto, a retrospetiva “No Present. No Future. No Wave.” dedica-se ao movimento No Wave nova-iorquino e contará com um foco especial na obra da cineasta irlandesa Vivienne Dick, que estará presente no Porto durante o festival. Vivienne Dick abandona a Irlanda rumo a Nova Iorque durante os anos 70, onde descobre o universo social e cultural da vanguarda da cidade. Mapeando-o em “Guerillère Talks” (1978) e em “She Had Her Gun All Ready” (1978), a autora retrata questões relacionadas com a identidade feminina e as normas sociais de género. Os posteriores “Beauty Becomes the Beast” (1979) e “Liberty’s Booty” (1980) continuam a questionar a posição da mulher face às estruturas patriarcais. Já “New York Conversations” (1990) e “New York Our Time” (2020) criam uma justaposição da materialidade da cidade, como foi e como se transformou. Fora da boémia urbana, desenvolve estéticas mais poéticas a partir dos espaços onde cresceu, no poderoso retrato familiar “A Skinny Little Man Attacked Daddy” (1994). Em dois dos seus filmes mais recentes, “Red Moon Rising” (2015) e “The Irreducible Difference of the Other” (2013), Dick convida ao questionamento existencial num mundo orientado para a guerra e o consumo.

Este ano, a equipa de programação dos Festivais Internacionais de Cinema Queer – Queer Lisboa e Queer Porto teve em consideração 1.061 filmes, 455 deles recebidos como submissões. As competições do Queer Lisboa 27 e Queer Porto 9 e restante programação de ambos os Festivais serão conhecidas ao longo das próximas semanas.

FILMES ANUNCIADOS NO QUEER LISBOA 27:

RETROSPETIVA: “Tornar-se Yvonne Rainer”

Feelings Are Facts: the Life of Yvonne Rainer, Jack Walsh (EUA, 2015, 83’)
Film about a Woman Who…, Yvonne Rainer (EUA, 1974, 105’)
Journeys from Berlin/1971, Yvonne Rainer (EUA, Reino Unido, antiga RFA, 1980, 125’)
Kristina Talking Pictures, Yvonne Rainer (EUA, 1976, 90’)
Lives of Performers, Yvonne Rainer (EUA, 1972, 90’)
The Man Who Envied Women, Yvonne Rainer (EUA, 1985, 125’)
Murder and Murder, Yvonne Rainer (EUA, 1996, 113’)
Privilege, Yvonne Rainer (EUA, 1990, 103’)
Rainer Variations, Charles Atlas (EUA, 2002, 42’)
*Debate: “Yvonne Rainer: cinema e dança” – em parceria com a BoCA

PANORAMA
Arrête avec tes mensonges / Lie with Me, Olivier Peyon (França, 2022, 98’)

FILMES ANUNCIADOS NO QUEER PORTO 9:

RETROSPETIVA: “No Present. No Future. No Wave.”

A Skinny Little Man Attacked Daddy, Vivienne Dick (Reino Unido, 1994, 23’)
Beauty Becomes the Beast, Vivienne Dick (EUA, 1979, 41’)
Black Box, Beth B, Scott B (EUA, 1979, 20’)
Empty Suitcases, Bette Gordon (EUA, 1980, 52’)
Guerillère Talks, Vivienne Dick (EUA, 1978, 25’)
The Irreducible Difference of the Other, Vivienne Dick (Irlanda, 2013, 27’)
Liberty’s Booty, Vivienne Dick (EUA, 1980, 48’)
Like Dawn to Dust, Vivienne Dick (EUA, 1983, 7’)
Lydia Lunch: the War Is Never Over, Beth B (EUA, 2019, 75’)
New York Conversations, Vivienne Dick (Reino Unido, 1990, 21’)
New York Our Time, Vivienne Dick (Irlanda, 2020, 79’)
Red Moon Rising, Vivienne Dick (Irlanda, 2015, 15’)
Rome ’78, James Nares (EUA, 1978, 82’)
She Had Her Gun All Ready, Vivienne Dick (EUA, 1978, 28’)
Staten Island, Vivienne Dick (EUA, 1978, 6’)

esQrever volta a ser parceira media do Queer Lisboa e do Queer Porto em 2023.